Índios do povoado
waiãpi, no interior do Amapá, estão assustados com a brutalidade que cercou a
morte de um cacique de uma aldeia da etnia. A esposa de Emyra Waiãpi encontrou
o corpo do chefe indígena no último dia 23, caído em um rio. Os relatos dos
indígenas apontam que ele foi esfaqueado, teve os olhos perfurados e o órgão
genital decepado. Leia a reportagem publicada em VEJA.
Os parentes de
Emyra concordaram com a exumação do corpo para ajudar nas investigações, um
procedimento de caráter excepcional na cultura waiãpi. De idade estimada em 68
anos, o cacique é descrito como alguém tranquilo, que mal falava português e
não era afeito a visitas às cidades. A morte alarmou o povoado porque Emyra
nunca se envolveu em conflitos anteriores.
Os waiãpi dizem
que Emyra foi vítima de um assassinato cometido por invasores não-indígenas.
Nenhum índio presenciou a morte do cacique, mas há testemunhas que dizem ter
visto quatro homens armados nos arredores de uma aldeia. O Ministério Público
Federal (MPF) ainda ouvirá o relato desses índios.
Agentes da
Polícia Federal que foram à região dizem não ter encontrado nenhum vestígio de
invasores, mas a investigação sobre a morte de Emyra continua. “Não descartamos
nenhuma hipótese”, afirmou o procurador Rodolfo Lopes.
Segundo os
índios, os policiais federais ignoraram indícios de pegadas e de uma trilha
aberta na mata. Também não foram utilizados drones para colher imagens aéreas.
Por ora, reside na exumação do corpo a esperança de encontrar novas pistas para
esclarecer o mistério do cacique.
Fonte: Edoardo
Ghirotto/Veja
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