O Jornal da Globo, em parceria com o Globo Natureza,
exibe, esta semana, uma série especial sobre a crise hídrica no mundo. A série
"Água - Planeta em Crise" vai mostrar de que maneira a seca
está afetando populações em todo o planeta.
A situação também pode piorar no Nordeste brasileiro. Em São
Miguel (RN), cidade de 23 mil habitantes, ninguém recebe mais conta de
água. É que a água encanada acabou em dezembro passado quando o açude secou. E
não foi sem aviso.
“Desde 2013, quando a gente só estava com 10% da capacidade
da água nós demos o grito, nós pedimos socorro”, diz Adalcina Vieira,
presidente da Câmara de Vereadores. O socorro não veio. A água só chega em
carros-pipa, carroças, motos ou na mão.
Desde que a água encanada acabou, a cidade se movimenta
basicamente em torno de um objetivo: conseguir água, vender e comprar água,
transportar água, carregar balde d’água. E essa situação deve se manter por um
bom tempo porque as autoridades locais não estão vendo uma solução de curto
prazo.
“A situação de nossa cidade é muito difícil. É uma situação
de colapso, uma situação de calamidade”, declara Dario Vieira, prefeito de São
Miguel (RN).
Contratar um carro-pipa com 8 mil litros custa R$ 150. Quem
não tem recursos depende das cacimbas da prefeitura.
“Essa caixinha de água aqui não dá nem para começar. Nesses
dias nós vamos morrer de sede aqui se Deus não tiver misericórdia”, diz a dona
Maria Lúcia da Silva.
É uma trabalheira. “Eu vou levar na mão”, mostra Sandra
Leite Lopes, moradora da cidade. São cinco viagens da cacimba à casa dela para
encher a caixa de mil litros.
Esse transtorno seria evitado se São Miguel não dependesse
de apenas um açude, construído 60 anos atrás.
Reportagem de Tonico Ferreira
Em
parceria com Globo Natureza
Jornal da Globo