Proposta
reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos nos casos de crimes hediondos –
como estupro e latrocínio – e também para homicídio doloso e lesão corporal
seguida de morte. Debate sobre o tema foi acirrado ao longo do ano.
O
Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19), em segundo
turno, a Proposta de Emenda à Constituição 171/93, que diminui a maioridade
penal de 18 para 16 anos em alguns casos. A proposta obteve 320 votos a favor e
152 contra. A matéria será enviada ao Senado.
De acordo
com o texto aprovado, a maioridade será reduzida nos casos de crimes hediondos
– como estupro e latrocínio – e também para homicídio doloso e lesão corporal
seguida de morte.
Em julho,
a proposta foi aprovada em 1º turno com o voto favorável de 323 deputados e 155
votos contra.
O texto
aprovado é uma emenda apresentada pelos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Andre
Moura (PSC-SE). Essa emenda excluiu da proposta inicialmente rejeitada pelo
Plenário os crimes de tráfico de drogas, tortura, terrorismo, lesão corporal
grave e roubo qualificado entre aqueles que justificariam a redução da
maioridade.
Pela
emenda aprovada, os jovens de 16 e 17 anos deverão cumprir a pena em
estabelecimento separado dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e
dos maiores de 18 anos.
Aprovação
popular
Os deputados favoráveis ao texto defenderam a PEC da Maioridade Penal amparados em uma pesquisa que indica o aval de 87% da população brasileira à proposta.
Os deputados favoráveis ao texto defenderam a PEC da Maioridade Penal amparados em uma pesquisa que indica o aval de 87% da população brasileira à proposta.
Vice-líder
da Minoria, o deputado Moroni Torgan (DEM-CE) disse que é hora de dar uma
resposta à população. “É preciso parar com ‘blá blá blá’. O problema é a
educação, é sim, mas há 30 anos estamos falando que a culpa é a educação e ela
não melhorou”, afirmou.
Para o
deputado, a população sabe que a proposta não vai resolver por completo o
problema. “A população é inteligente e sabe que a lei não vai resolver o
problema. A lei é um dos indicadores da solução do problema”, disse Torgan.
O
deputado Cabo Sabino (PR-CE) disse que o Parlamento precisa dar ouvidos ao
clamor popular. “Todos nós aqui estamos obedecendo à vontade da maioria da
população. Aquele jovem que trabalha, que está preparando os seus estudos, não
está preocupado com a redução da maioridade penal. Quem está preocupado são os
jovens infratores que estão vivendo do crime e para o crime”, opinou.
Na
avalição do líder do PSD, deputado Rogério Rosso, só serão punidos os jovens
que hoje têm “licença para matar”. “Esse jovem que hoje tem permissão e licença
para matar sabe exatamente o que está fazendo. Ele não pode ser tratado como os
demais jovens e adolescentes e muito menos preso junto com os adultos”,
defendeu.
O líder do PSC, deputado Andre Moura, também disse que a votação é uma resposta à sociedade. “Não vai resolver o problema da violência do Brasil, mas, com certeza, vai fazer justiça com milhares de famílias vítimas desses adolescentes que matam de forma bárbara”, afirmou.
Punição
Para o deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG), trata-se de separar o joio do trigo, para que os jovens condenados por crimes bárbaros sejam efetivamente punidos.
“Não
queremos encarcerar ninguém, mas responsabilizar aqueles que se dizem crianças,
mas, na realidade, são criminosos impiedosos e nefastos à sociedade”, afirmou.
O
deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), no entanto, afirmou que o Plenário decidiu
pela emoção. “Se fosse pela emoção, o Datafolha diz que nosso salário deveria
ser metade e que esta Casa tem de fechar”, disse o deputado, referindo-se ao
principal argumento favorável à PEC: a aprovação popular.
“Está se vendendo um pacote contra a violência que não será entregue à população”, avaliou Perondi.