O Correio
Braziliense destaca a visibilidade internacional do Brasil gerada pela
Copa das Confederações despertou na população a necessidade de revelar a
insatisfação com problemas recorrentes, antes restritos ao boca a boca
entre os cidadãos e às redes sociais. A onda de protestos nas cidades
sedes do evento é só uma demonstração do que pode ocorrer durante o
mundial de futebol do próximo ano, segundo especialistas ouvidos pelo
Correio. No Distrito Federal, em quatro dias, moradores protagonizaram
três protestos contra os gastos com os torneios internacionais em
detrimento ao investimento em saúde, em educação e em segurança.
A
repercussão das manifestações em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo
Horizonte e em Brasília chamou a atenção dos governos e repercutiu em
diversos setores da sociedade. “Nada do que ocorre é aleatório, existe
organização e aspectos políticos envolvidos nesse processo. E os
protestos não vão parar. No ano que vem, temos Copa do Mundo e eleições.
As demonstrações de insatisfação da população serão recorrentes”,
ressaltou o coordenador do curso de Segurança Pública da Universidade
Católica de Brasília (UCB), Nelson Gonçalves.
Para a
professora do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília
(UnB) Haydée Caruso, o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus em São
Paulo foi o estopim para o início dos protestos. “Foi uma janela que a
sociedade percebeu para colocar as inquietudes para fora. Saímos de um
momento de grande apatia. Brasília também se coloca diante desse
cenário”, analisou. Para a socióloga, pesquisadora na área de segurança
pública, violência e cidadania, existe uma série de situações expostas
de forma diferente em cada Estado. “Tem a ver com a forma como os grupos
de cada localidade age, alguns mais violentos, outros não. O que não
pode acontecer é uma atuação policial sem moderação, além de depredação
do patrimônio público”, complementou.
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