sexta-feira, 11 de junho de 2021

Peru elege o professor  Pedro Castillo: “nunca mais um homem pobre em país rico!”

O professor de esquerda e sindicalista  Pedro Castillo, do partido Peru Livre, venceu a eleição presidencial contra a conservadora Keiko Fujimori.

José  Pedro Castillo Terrones nasceu em Tacabamba em 19 de outubro de 1969. É  um professor, líder sindical e político peruano. Alcançando destaque como figura principal na greve de professores de 2017 no Peru, ele acabou concorrendo à presidência do Peru nas eleições gerais de 2021 com o Peru Livre.

O símbolo da campanha do professor Pedro Castillo foi um lápis gigante.

O ex-sindicalista conhece as artes da imagem e fez do chapéu branco de sua região uma espécie de símbolo de campanha.

Analistas comparam Pedro Castillo a Evo Morales, ex-presidente da Bolívia. Castillo é um socialista e populista, defensor de grandes aumentos nos orçamentos de educação e saúde. Ele também propõe a eleição de uma Assembleia Constituinte para substituir a constituição herdada do regime do ditador, Alberto Fujimori.

A agremiação de Pedro Castillo emergiu – como ele - quase de surpresa no confuso cenário local. Criado em 2007, o Partido Político Nacional Peru Livre se assume oficialmente como “marxista-leninista-mariateguista” e nunca teve um desempenho eleitoral expressivo.

Pedro Castillo propõe convocar uma nova Constituição Política, por meio de uma assembleia constituinte, para atribuir ao Estado um papel ativo como regulador do mercado. Nesse projeto, o presidente peruano deseja a nacionalização de setores estratégicos como mineração, gás e petróleo.

Pedro Castillo concluiu o ensino fundamental e médio no Instituto Superior Pedagógico Octavio Matta Contreras de Cutervo. Desde 1995 é professor primário em sua cidade de Puña e é bacharel em educação pela Universidade César Vallejo, onde também obteve o título de mestre em psicologia educacional.

A campanha de Pedro Castillo teve o apoio dos setores historicamente marginalizados do Peru, por sua origem no interior do país e sua trajetória como dirigente entre os professores.

O programa do Peru Libre, de Pedro Castillo, identifica os principais problemas da realidade peruana, propõe uma sociedade de mercado, porém sob controle de um Estado investidor e controlador das principais empresas públicas.

A vitória do socialista Pedro Castillo é  um sopro de esperança popular no coração dos Andes.

Para Pedro Castillo, 
a atual Constituição prioriza o interesse privado sobre o interesse público, o lucro sobre a vida e a dignidade. A ideia, segundo ele, é permitir que os peruanos decidam “democraticamente” se querem ou não uma nova Carta Magna.

O Peru registrou um aumento de 10% na pobreza em 2020, um número que representa mais de três milhões de pessoas e o nível mais alto da última década, enquanto os setores mais ricos aumentaram em número e riqueza. 

A Missão de Observação da União Interamericana de Organizações Eleitorais (Uniore) indicou que as eleições foram bem-sucedidas e reconheceu todo o processo eleitoral, apontando que o pleito foi “organizado de maneira correta e com êxito, de acordo com os padrões nacionais e internacionais.

Pedro Castillo representa o “antissistema”, o homem do Peru profundo, abandonado pelo Estado, inexistente para a mídia corporativa e só visitado com promessas quebradas por candidatos a cargos públicos importantes em tempos eleitorais.

O processo eleitoral peruano e a vitória do socialista e educador Pedro Castillo contra todas as correntes oligárquicas que apoiavam  a conservadora Keiko Fujimori, fica-nos a convicção de que o trabalho de base continua a desempenhar um papel fundamental no processo de luta das organizações políticas de esquerda.

"Saudamos o povo peruano por escolher para presidente o defensor de um projeto anti-neoliberal e popular, uma visão política de esquerda e progressista, para mudar os rumos do país e colocar as necessidades das pessoas acima das demandas do mercado", disse a Presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

"Quero parabenizar PedroCastillo pela importante vitória no Peru e saudar o povo peruano pelas eleições livres e democráticas. O resultado das urnas peruanas é simbólico e representa mais um avanço na luta popular em nossa querida América Latina”, disse o ex-presidente Lula.

Abdias Duque de Abrantes* Advogado, jornalista e pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Potiguar (UnP), que integra a Laureate International Universities.

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