Pelo terceiro
ano consecutivo, ao menos 1,5 milhão de servidores estaduais correm o risco de
não receber o 13.º salário até o fim do ano.
Os governos de Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte ainda não têm dinheiro em caixa para o pagamento dos funcionários, embora afirmem estar tentando arrumar verbas para cumprir o compromisso.
O Estado procurou todos os governos estaduais e o Distrito Federal para saber se o 13.º salário está garantido neste ano. Do total, 16 responderam e disseram quais estratégias estão usando para contornar a crise. Entre os casos mais graves, estão aqueles que ainda não conseguiram quitar nem o benefício de 2017. O Rio Grande do Sul pagou, no mês passado, a décima parcela (de um total de 12) do 13.º do ano passado e já avisou que não tem dinheiro para o benefício de 2018. Até o salário de outubro, que deveria ter entrado no dia 31, ainda não caiu na conta dos servidores.
Também em
situação fiscal delicada, o Rio Grande do Norte ainda não conseguiu pagar o
13.º de 2017 para quem ganha acima de R$ 5 mil. Para quem recebe menos, a
remuneração foi paga ao longo do ano até setembro. Sobre o pagamento de 2018,
não há nenhuma posição do governo estadual.
Em Minas, o
governo afirma que a questão será discutida entre representantes do governo
estadual e dos sindicatos dos servidores públicos do Poder Executivo – a data
para a reunião não foi definida até agora. Já faz dois anos e meio, no entanto,
que os funcionários do Estado recebem seus salários de forma parcelada todos os
meses. Neste ano, os atrasos também passaram a ser mais rotineiros. Em 2017, o
13.º teve de ser parcelado em quatro vezes.
Minas tem
hoje uma das maiores folhas de pagamento do País, de R$ 2,1 bilhões. São, ao
todo, 609 mil funcionários, dos quais 42% são aposentados.
Acordo
O Rio de
Janeiro, que fechou acordo de ajuda financeira com o governo federal no fim do
ano passado, diz que está trabalhando para efetuar o pagamento do 13.º salário
dentro do prazo legal, que é dezembro. Mas fontes ouvidas pelo Estado afirmam
que não há garantia de que haja dinheiro suficiente para fazer todos os
pagamentos. Desde 2016, o Rio não consegue pagar a remuneração no mesmo ano. O
de 2016 foi debitado em dezembro do ano passado e o de 2017, em janeiro e abril
de 2018.
Depois do
acordo com o governo federal, o Rio tem conseguido, ao menos, pagar os salários
em dia. O mesmo não ocorre no Rio Grande do Norte, onde os servidores não sabem
que dia terão os salários depositados. A coordenadora do Sindicato dos
Servidores Públicos da Administração Indireta (Sinai-RN), Zilta Nunes de
Oliveira, conta que o Estado criou uma escala priorizando algumas secretarias,
e servidores de outras áreas ficam sem saber quando vão receber. “Tem mês que o
salário é depositado dia 10, em outros, dia 11. Não há programação.” Segundo
ela, o sindicato fez uma reunião com o governo na quarta-feira passada pedindo
a regularização do calendário. Sobre o pagamento do 13.º, ninguém falou nada.
O Estado de
S.Paulo