CURITIBA - Preso há mais de seis meses, o ex-deputado Eduardo
Cunha assumiu a tarefa de lavar as marmitas no Complexo Médico Penal de Pinhais
(CMP), onde cumpre pena no Paraná. Junto com Cunha, atuam o ex-tesoureiro do PT
João Vaccari e o ex-deputado André Vargas, ambos também responsáveis pela
manutenção do presídio. Eles fazem serviços de pintura e toda sorte de reparos
na unidade.
Na faxina, o revezamento é entre o ex-senador Gim Argelo, o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, o ex-deputado Luiz Argolo e os empresários Eduardo Meira e João Augusto Rezende. Eles limpam as celas, os vasos sanitários e áreas comuns.
Condenado a 23 anos na Lava-Jato, José Dirceu continua
cuidando da biblioteca, onde faz fichamento e distribuição dos livros.
O trabalho tem uma razão principal: três dias de serviço no
presídio equivalem a menos um de pena cumprida. E cada livro lido e resenhado
vale por quatro dias.
Para aguentar a prisão, boa parte dos presos da Lava-Jato
lança mão de remédios, como antidepressivos. Muitos se ressentem da proibição
das visitas íntimas, de receber a mesma comida sempre e do frio da região. Como
se trata de uma cadeia que recebe pessoas com alguma doença, a direção informa
que não pode permitir encontros íntimos entre presos e suas parceiras ou
parceiros.
A rotina na cadeia começa cedo: às 6h30m a unidade serve um
café puro ou com leite e dois pães com manteiga. Às 8h, começa o banho de sol.
Depois, já às 11h, os presos retornam às celas para que, em seguida, seja
servido o almoço. Eles comem dentro da cela. A marmita entra pela escotilha.
Reclamações à parte, a ala dos presos da Lava-Jato é a mais
segura e habitável do CMP. Eles não têm contato algum com detentos de facções
criminosas. As celas abrigam somente dois presos e têm cinco metros de
comprimento por três metros de largura, uma pequena pia, um vaso sanitário (sem
assento) e uma TV.
Mulheres e filhas que vão visitar os presos são obrigadas a
tirar a roupa e agachar (com espelho no chão) para a verificação de que não
estão levando nada em partes íntimas.
Luiz Alberto Cartaxo, diretor do Departamento de Execução
Penal (Depen) do Paraná, promete que, até o fim do ano, a cadeia já deve ter
abolido a revista íntima, já que deverão ser alugados 19 aparelhos de escâner
corporal.
Os presos da Lava-Jato também têm direito a um horário separado
de visita entre as 13h e às 17h de sexta-feira, quando o movimento é menor.
O Globo