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delação firmada com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor de
relações institucionais da J&F Ricardo Saud disse que a empresa
pagou R$ 10 milhões ao governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria
(PSD), e ao filho dele, o deputado federal Fábio Faria (PSD) em 2014.
Em troca, os dois políticos teriam firmado o compromisso de privatizar a
Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), além de
facilitar a participação da J&F na privatização da estatal. J&F é
o grupo que controla a empresa JBS.
"Eles procuraram a gente, nós fizemos um jantar na casa do Joesley. Nós
não tínhamos nada no Rio Grande do Norte, mas nós estávamos montando
uma empresa de concessão de águas e esgotos. (...) E lá nós falamos com
eles que nós temos interesse muito grande desde que você privatize - nós
já tínhamos feito um estudo mais ou menos das empresas que estavam
quebradas, assim, de companhia de água e esgoto, que a gente poderia
comprar, desde que nós participássemos do edital pra facilitar porque
senão ninguém concorria com a OAS e com a Odebrecht Ambiental, era
impossível isso. Porque o mesmo dinheiro que tomou da gente tomou das
outras duas também falando que ia vender a água e esgoto", disse Ricardo
Saud ao MPF.
O executivo diz ainda que, após a eleição, o grupo vai indicar um secretário de estado para "acompanhar tudo de perto".
Segundo ele, parte do dinheiro foi pago como doação de campanha
diretamente ao PSD, partido de Robinson e Fábio. Outra parte teria sido
paga em "dinheiro vivo" e o restante através de notas fiscais. Ele
chegou a detalhar como foi feito o pagamento de R$ 6,1 milhões. O
delator disse que foram pagos R$ 1 milhão no dia 3 de outubro de 2014
"carimbado" ao PSD; R$ 1 milhão no dia 17 de outubro de 2014 também ao
PSD nacional; R$ 2 milhões em notas fiscais avulsas em 9 de setembro de
2014; R$ 1,2 milhão no dia 22 de agosto de 2014 a um escritório de
advocacia; e outros R$ 957.054 foram obtidos em um supermercado em
Natal. Segundo o Ricardo Saud, o próprio deputado federal Fábio Faria
foi buscar esse último montante.
Em nota conjunta, Robinson
Faria e Fábio Faria informaram que conheceram a JBS no período eleitoral
e confirmam que receberam "doações da empresa citada, somente durante o
período de eleições, oficialmente, legalmente, devidamente registradas
na Justiça Eleitoral e sem qualquer contrapartida nem ato de ofício".
A
nota ressalta ainda que Robinson Faria "não pretende e nem irá
privatizar a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte
(Caern)".