Um time que nunca termina de se formar, que vive mudanças sucessivas,
dificilmente escapará de oscilações. E, naturalmente, apresentará
virtudes, por vezes progressos, e defeitos também. O pior deles, na
madrugada de hoje, no 0 a 0 com o Equador, foi a falta de contundência,
as escassas finalizações.
Em compensação, o time trocou mais
passes e foi capaz de controlar o jogo diante de um rival que vai muito
bem nas eliminatórias. Não é o bastante, mas já é alguma coisa. Mas a
dificuldade de agredir o gol rival quase cobra um preço alto. Não fosse
um erro da arbitragem, que viu saída de bola inexistente, o Equador
teria feito seu gol, em frango de Alisson.
Um lance, aos 26 minutos, foi a síntese do que a seleção brasileira
fez de certo no primeiro tempo. E, também, do que faltou fazer numa
atuação com vários aspectos que, até ali, eram satisfatórios. Na jogada
em questão, diante de um time fechado, o Brasil se valeu do passe, este
instrumento que, ultimamente, uma escola que passou a preferir correr
com a bola andou negligenciando.
O jogo passou pelo lado direito,
foi ao esquerdo e voltou à defesa, até que os espaços foram criados.
Philippe Coutinho resolveu a jogada para Elias hesitar e perder ótima
chance.
O pecado foi que o meia corintiano não chutou. Justamente o que
faltou à seleção. Se evoluiu no trabalho com a bola, ao ter uma equipe
com características mais leves, era preciso mais contundência, mais
presença de área. Talvez por ter poucas atuações na seleção atual, com
sua formação modificada, Jonas demorava a achar seu lugar.
Diante de um Equador que arriscou marcar a saída de bola, o Brasil,
com Casemiro na vaga de Luiz Gustavo, conseguiu sair da armadilha rival.
E com bons toques. Foi assim que Willian serviu Coutinho logo aos cinco
minutos, obrigando Dreer a ótima defesa. A melhor chance equatoriana
veio em rebote de um corte de Gil.
O saldo do primeiro tempo só
não era melhor porque faltara não só o gol, mas transmitir mais vezes a
sensação de que o gol estava próximo. Faltava o acerto da jogada
decisiva nos metros finais do campo, faltava presença de área. E para um
time que era cobrado para ser mis ofensivo, por vezes o risco foi a
exposição excessiva ao contragolpe. O segundo tempo mostraria isso mais
claramente.
No segundo tempo, veio a oscilação. O Brasil continuou trocando
passes, mas quase nunca estes eram verticais, progredindo em direção ao
gol rival. Era um jogo burocrático e com ainda menos contundência. Ainda
que o jogo estivesse controlado, havia o risco permanente. Tanto que, a
bem da verdade, o Brasil sofreu o gol. A arbitragem é que não validou.
Eram 20 minutos quando Miler Bolaños foi à linha de fundo e chutou para o
meio.
Alisson jogou a bola para dentro do gol, no que seria seu
primeiro grande frango em sua ainda recente história na seleção. A
rigor, foi o primeiro frango. Sorte do goleiro que o bandeira viu saída
de bola, que não aconteceu.
Dunga tentou lançar Gabriel no lugar de Jonas, depois Lucas na vaga
de Willian. E foi de Lucas a melhor chance da etapa final, em belo passe
de Renato Augusto. Mas foi a única oportunidade.
No outro jogo do grupo do Brasil, o Peru venceu o Haiti por 1 a 0. O gol foi marcado por Guerrero.