Em
entrevista veiculada ontem à noite na TV Brasil, a presidente afastada,
Dilma Rousseff, afirmou que, “querendo ou não”, a população terá de ser
consultada caso ela retorne à Presidência da República ao fim do
processo de impeachment no Senado. Sem dar detalhes, Dilma lançou a
proposta de um plebiscito para se decidir os rumos do mandato, em caso
de sua vitória no Senado.
Mas um desfecho do impeachment favorável à
presidente é, hoje, o cenário mais improvável. Na admissão do processo,
em 12 de maio, Dilma obteve apenas 22 votos contra o impeachment. Ela
precisa de um terço — 27 votos — para continuar presidente.
O
GLOBO mostrou no último dia 2 que Dilma já aceitou uma proposta de
petistas de convocar um plebiscito para consultar a sociedade sobre a
antecipação das eleições presidenciais. Emissários de Dilma no Senado,
como a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura, já
fazem consultas a parlamentares sobre a hipótese de fazer o plebiscito
junto com as eleições municipais, a respeito da interrupção do mandato e
da convocação de novas eleições em 90 dias. A ideia é, com isso, virar
votos no impeachment.
—
Rompeu-se um pacto, existente desde a Constituição de 1988. Tem de
remontar esse pacto, e ele não será remontado dentro do gabinete. A
população, querendo ou não, terá de ser consultada. É fundamental que
haja o fim do golpe, o que significa ganhar no Senado. Eu não acho
possível refazer o pacto com Temer presidente. Em qualquer hipótese, a
consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que
está sendo o governo Temer — disse Dilma na entrevista ao jornalista
Luis Nassif, que não em nenhum momento contestou a petista.
O Globo