O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes determinou
nesta quarta-feira (11) a abertura de inquérito contra o senador Aécio
Neves (PSDB-MG), requerida pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, para apurar a suspeita de que o tucano recebeu propina de Furnas.
No
site do STF, o acompanhamento processual do pedido de abertura de
inquérito contra o senador, que tem Gilmar Mendes como relator, traz
registrado um despacho do ministro. O site registra que foi acolhida a
representação de Janot "pela instauração de inquérito em desfavor de
Aécio Neves da Cunha".
O texto diz ainda que foi determinado o
desarquivamento de outra ação que citava o senador. O trecho do texto
registrado no acompanhamento processual diz ainda que foi "determinada a
remessa dos autos à Corregedoria-Geral de Polícia Federal para
providenciar as inquirições e diligências requisitadas na representação,
[com] prazo de noventa dias".
A apuração contra o político foi
solicitada pela Procuradoria-Geral da República nos desdobramentos da
Lava Jato, a partir da delação premiada do senador cassado Delcídio do
Amaral (ex-PT-MS).
Segundo a Procuradoria, o pedido de inquérito
teve como base a delação premiada do senador, mas também contou com
informações prestadas pelo doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros
delatores da Lava Jato.
Youssef afirmou que ouviu dizer que Aécio
recebia valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa
Bauruense, contratada por Furnas.
"Da análise dos autos, é
possível constatar que os fatos descritos neste procedimento não têm
relação de pertinência imediata com as demais investigações sob a minha
relatoria, notadamente com as relacionadas às fraudes no âmbito da
Petrobras, o que evidencia, em princípio, a inexistência de conexão
necessária, a significar que não se fazem presentes os requisitos para
distribuição por prevenção", escreveu Zavascki.
Relator da Lava
Jato, o ministro Teorio Zavascki entendeu que não há relação direta dos
fatos com o esquema de corrupção da Petrobras e pediu que os casos
fossem enviados a outros ministros.
Na solicitação, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que uma operação
da Polícia Federal no Rio encontrou documentos de doleiros que confirmam
a existência de uma conta no exterior ligada a uma fundação em nome da
mãe de Aécio, Inês Maria Neves Faria.
Esse fato havia sido citado
na delação de Delcídio. "Referidas informações constituem um conjunto
harmônico e apontam para a verossimilhança dos fatos descritos", apontou
Janot.
O procurador também pediu um segundo inquérito contra
Aécio e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) por suspeita de envolvimento
na maquiagem de dados do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro,
na época em que Aécio era governador de Minas Gerais.
Outro lado
Em nota, Aécio Neves disse ter "convicção de que as investigações deixarão clara a falsidade das citações feitas".
O
tucano afirmou considerar "natural e necessário que as investigações
sejam feitas, pois irão demonstrar, como já ocorreu outras vezes, a
correção da sua conduta".
"Quando uma delação é homologada no
Supremo Tribunal Federal, como ocorreu com a delação do senado Delcídio
do Amaral, é natural que seja feita a devida investigação sobre as
declarações dadas. Por isso, na época, o senador defendeu publicamente
que fossem abertas investigações sobre as citações feitas a seu nome",
disse no texto enviado à imprensa.
A assessoria de Aécio enviou
nota à Folha nesta terça (10) afirmando que a fundação em nome da mãe do
senador "foi amplamente divulgada em sites do PT e blogs associados a
ele, sendo também de conhecimento das autoridades há quase dez anos. A
fundação foi declarada no Imposto de Renda da sua titular e a denúncia
já foi inclusive arquivada por decisão judicial. No ano passado, também
foi arquivada pela própria PGR diante da inexistência de
irregularidade".
Em relação ao outro pedido de abertura de
inquérito sobre Aécio que trata sobre a suposta maquiagem de dados do
Banco Rural, a assessoria sustenta que "a reunião mencionada por
Delcídio, em Belo Horizonte, em que o assunto teria sido tratado,
ocorreu em 7 de junho de 2006. Ou seja, dois meses depois de encerrados
os trabalhos da CPMI dos Correios, que tratou do mensalão do PT, o que
demonstra a impossibilidade de que esse assunto possa ter sido tratado".
Fonte:folhapress
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