Considerado santo pelos
nordestinos, religioso nasceu na Itália e veio para o Brasil em 1931, onde
ficou até sua morte, em 1997
A morte de Frei Damião, considerado santo pelos nordestinos,
completa 19 anos nesta terça-feira (31). O religioso nasceu na Itália, em 1898,
e veio morar no Brasil em 1931, após ter concluído os estudos e optado pela
vida religiosa em sua terra natal. Ele morreu no Real Hospital Português, em
Recife (PE), no dia 31 de maio de 1997, aos 98 anos de idade.
Frei Damião viveu 66 anos no Brasil, onde percorreu, como
fiel filho de São Francisco, as terras nordestinas, pregando, confessando,
celebrando a Eucaristia e convidando à conversão e à mudança de vida. Para
melhor difundir a mensagem por ele anunciada, escreveu o livro “Em Defesa da
Fé”.
Durante esse tempo, morou em Recife (PE), Maceió (AL), no
período da Segunda Guerra Mundial, e em Natal (RN), onde fez parte da primeira
Fraternidade, ou seja, do primeiro grupo de frades que residiram na capital
potiguar. Mas a maior parte do tempo era em andanças de cidade em cidade.
Em suas Santas Missões, ele percorreu praticamente todas as
cidades do Sertão de Alagoas, entre elas Monteirópolis e São José da Tapera.
Durante os dias da visita, ele realizava missas, confissões, pregações,
procissões e atraía milhares de pessoas vindas de toda a região.
Biografia
Com o nome de batismo de Pio Giannotti, ele era o segundo
dos cinco filhos do casal Félix e Maria Giannotti, camponeses italianos de
sólida formação cristã e católica. Ainda na Itália, aos 13 anos de idade, ele
ingressou no Seminário Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Aos 17 anos, em julho de 1915, emitiu os primeiros votos, recebendo o nome de
Damião, Frei Damião de Bozzano, indicando sua cidade de origem. Em 1918, foi
convocado pelo serviço militar para a Primeira Guerra Mundial, interrompendo
seus estudos. Ao voltar da guerra, retomou os estudos na área religiosa.
A Província dos Capuchinhos de Lucca-Itália assumiu a Missão
de Pernambuco no ano de 1930, quando aportou em Recife o Frei Félix de Olívola,
nomeado Superior da dita Missão. Por seu expresso pedido, Frei Damião deixou a
Itália e veio, juntamente com os Freis Inácio de Carrara e Bento de Terrinca,
como missionário para o Nordeste do Brasil.
Partiu da cidade de Gênova no navio Conte Rosso, em 28 de
maio de 1931, desembarcando no porto do Recife, em Pernambuco, em 17 de junho
de 1931. No Brasil, sua primeira residência foi o Convento de Nossa Senhora da
Penha, de onde partiu para pregar as Santas Missões, começando pelo Sítio
Riacho do Mel, município de Gravatá (PE), a 35 quilômetros da capital.
Doença e Morte
Durante muito tempo, Frei Damião sofreu de erisipela, devido
à má circulação sanguínea. No ano de 1990, após ter sofrido uma embolia
pulmonar, diminuiu o ritmo das Santas Missões, passando apenas para os finais
de semana. Na simplicidade de um quarto, na casa que lhe fora construída como
enfermaria, viveu seus últimos dias, cercado pelo carinho do seu povo que, aos
milhares, vinha ao seu encontro.
Mas, em 1997, sua saúde agravou-se bastante. Foi internado
várias vezes no Real Hospital Português do Recife. Ele pregou sua última Santa
Missão na cidade de Capoeiras (PE), em fevereiro de 1997. Depois, adoeceu
novamente, tendo que ser levado ao Hospital Sara Kubitschek, em Brasília (DF),
para que lhe fosse confeccionada uma cadeira ortopédica que o ajudasse a
respirar melhor.
Em 12 de maio de 1997, foi novamente internado no Real
Hospital Português, na capital pernambucana, mas, fato inusitado, ele em dado
momento foi encontrado rezando o rosário com o povo numa das salas do hospital.
Fora sua última missão: rezar com o povo o rosário de Nossa Senhora. No dia
seguinte, 13 de maio, sofreu um derrame cerebral sendo levado para a UTI. No
dia 31 de maio, Frei Damião partiu para a casa do Pai, aos 98 anos de idade,
cercado pela oração de seus confrades, da equipe médica que dele cuidara e sob
a melodia de cânticos e hinos.
No dia 4 de junho de 1997, o corpo de Frei Damião foi levado
em carro aberto até ao Estádio do Arruda, para a missa solene de despedida,
presidida pelo arcebispo metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso
Sobrinho, e concelebrada por dezenas de bispos e centenas de padres. Do
estádio, em helicóptero, foi transportado para o Convento São Félix de
Cantalice, no bairro do Pina, em Recife (PE), onde vivera seus últimos anos de
vida. Ali, na capela dedicada a Nossa Senhora das Graças, foi sepultado sob
cânticos, aplausos e pétalas de rosas.
Por Diego Barros *Com
informações do site
http://www.freidamiaodebozzano.org