Apesar da
condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente Lula
não está morto politicamente, segundo o presidente Michel Temer. Em
entrevista, o político do PMDB voltou a dizer que preferia que o petista
pudesse ser candidato para, segundo Temer, ser derrotado. As declarações do
presidente foram feitas nesta segunda-feira em entrevista à "Rádio
Bandeirantes".
Ele é uma
figura de muito carisma. Não sei dizer se ele está morto eleitoralmente, ou
seja, se ele vai participar das eleições ou não, mas dizer que a imagem dele, a
palavra dele, a presença do passado dele não vai ter alguma influência? Eu acho
que, aí morto ele não está — disse.
A
candidatura do ex-presidente Lula e uma eventual derrota nas urnas seria capaz
de pacificar o país, segundo o presidente, que se negou a comentar os aspectos
jurídicos da decisão que condenou Lula a 12 anos e um mês de prisão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Politicamente, no entanto, Temer disse
que preferia que o petista pudesse disputar as eleições.
— Sua
não-participação tensiona o país, e o que temos que fazer no Brasil é
distensionar as relações. Vivemos um tensionamento permanente. Eu pessoalmente
acharia, sob o foco político, que se ele pudesse disputar as eleições e ser derrotado,
seria melhor para o país — disse.
Durante a
entrevista, Temer afirmou ainda que gostaria de ter um sucessor que
"defendesse o seu legado". O presidente se negou a apontar quem seria
o seu sucessor favorito e disse que trata com naturalidade o interesse de
alguns de seus aliados, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o
presidente da Cãmara, Rodrigo Maia, no cargo de presidente.
CRISTIANE
BRASIL
O
presidente também defendeu a indicação da deputada federal Cristiane Brasil
(PTB-RJ) ao Ministério do Trabalho. Cristiane foi impedida de tomar posse por
uma decisão da Justiça Federal que considerou incompatível que a deputada,
processada na Justiça do Trabalho, ocupe o cargo.
Segundo
Temer, a competência para a indicação de ministros é sua, não do Poder
Judiciário. O presidente, no entanto, disse que irá obedecer a decisão que a
ministra Cármen Lúcia tomar.
— Seria
como eu dar uma sentença em nome do Superior Tribunal de Justiça — disse Temer,
que completou: — Serei respeitoso com a independencia e a harmonia entre os
poderes. Se o Judiciário ao final disser que não pode, tudo bem, que assim
seja.
O
presidente, contudo, afastou críticas às indicações políticas em seu governo.
Cristiane Brasil é filha do ex-deputado Roberto Jefferson.
— Quando
o presidente chega, são cerca de 200 cargos para preencher. Você quer que eu
sente e eu escolha as 200 pessoas com critérios de moralidade absoluta? Muitas
vezes chegam sugestões. Se são nomes inconvenientes, que não atendem a
critérios éticos, muito bem, o governo dirá que não aceita, mas o fato de
indicar não é um fato criminoso, é um fato sensível a uma democracia — disse.
O Globo