No mundo todo, a gasolina está cada vez mais barata. No entanto, o Brasil registra cada vez mais alta nos preços do derivado de petróleo e seu companheiro, o óleo diesel. O motivo para isso, de acordo com especialistas da área, é a Petrobrás. 

Em crise, a petrolífera brasileira decidiu manter uma política de reajuste de preços para cima, a fim de equilibrar suas finanças. Dessa forma, há sete anos a empresa eleva os preços dos combustíveis no país, enquanto o mercado internacional registra queda no mesmo período. 

O barril de petróleo era cotado em US$ 110 por volta de 2014, mas no mês passado, não passou de US$ 30. Nos EUA, o galão de gasolina (3,78 litros) custa em média US$ 2,05, por exemplo, o menor preço em sete anos. 

Nos países vizinhos ao Brasil, os preços foram reajustados para baixo várias vezes. Só o Paraguai baixou os valores mais de três vezes no começo de 2015. Aqui, a Petrobrás elevou os preços quatro vezes desde 2013, sendo 10,6% naquele ano, 3% em 2014 e 6% no ano passado. O diesel acumula alta de 27,4% no mesmo período. Mas, sabemos que esses aumentos foram nas refinarias, não refletindo o percentual cobrado a mais pelos postos de combustíveis.
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A crise da Petrobrás teve participação direta do governo, que reduziu os preços por conta da campanha política de reeleição, quando os preços no exterior estavam em alta. Agora, que a balança inverteu, quem ganha são os exportadores, pois com o dólar em mais de 4 reais, o combustível brasileiro ficou atraente no mercado internacional. 

Mas outros analistas dizem que o repasse da redução internacional não é necessariamente uma saída para a queda de preços no Brasil, já que a desvalorização do real ajuda a diminuir o preço da commodity em dólar. 

Ainda assim, para alguns, parte do repasse da cotação internacional ajudaria a reduzir os preços, a fim de ajudar na recuperação da economia e redução da inflação, que em 2015 foi de 10,67%, sendo 4% acima do projetado pelo BC. Mas essa saída também não é unanime entre os analistas de mercado. 

Com dívidas que somam R$ 500 bilhões, a Petrobrás não teria como repassar nem parte da cotação internacional para os preços domésticos. Sem poder obter empréstimos no exterior, por conta da Operação Lava Jato, só resta para a companhia manter os preços lá em cima. A necessidade de recomposição do caixa da empresa não deve favorecer uma redução nos valores dos combustíveis em curto prazo. 

Ou seja, até lá, essa conta terá de ser paga pelos consumidores. Com maior preço na bomba, clientes particulares e empresariais terão maior custo em transporte, gerando resultados negativos que encarecem produtos e serviços, contribuindo para mais inflação e economia em crise.

[Fonte: DW]