Com quem conversou nos últimos dias, o
apresentador se mostra dividido entre o que deseja a “pessoa física” e as
obrigações da “pessoa jurídica”.
A “pessoa física” está propensa a
enfrentar o desafio de uma candidatura, mas seus compromissos profissionais
(contrato com TV e patrocinadores) pesam contra.
A TV Globo reforçou o pedido para que o
apresentador se defina antes do fim de fevereiro — de preferência logo depois
do Carnaval. A nova grade de programação da emissora estreia em abril. Uma
decisão de Huck vai causar impacto em toda a formatação da TV para 2018. Se
decidir por disputar a Presidência, a emissora deve tirar do ar o Caldeirão do
Huck, além de sua mulher, Angélica.
“Ele está considerando a possibilidade”,
afirmou Fernando Henrique Cardoso, que anda encontrando o apresentador, em
entrevista à Rádio Guaíba. “Mas ele trabalha na Globo, tem um contrato e tem
que pesar estas coisas todas. Ele tem que ver por qual seria o partido e como
vai ser. Que eu saiba, não há uma decisão por parte dele e não é uma decisão
fácil. É uma decisão que tem que ser dele. Eu não vou imaginar que eu possa
influir, pois ele sabe a minha posição.”
Embora reitere que está alinhado com o
correligionário Geraldo Alckmin (PSDB), Fernando Henrique tem sido um
incentivador da candidatura de Huck argumentando que é bom para o país ter
“opções”. Esta foi uma avaliação consensual durante um almoço na terça-feira
passada no apartamento do ex-presidente, no bairro de Higienópolis. O almoço
reuniu FHC, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governador do
Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB).
A análise é de que o campo político que
vai da centro esquerda — representada principalmente pelo PPS, sigla que tenta
filiar Huck — aos partidos liberais precisa ter “alternativas” ao governador
paulista, que já foi lançado pré-candidato, mas ainda não atingiu dois dígitos
nas pesquisas de intenção de voto.
Hartung é cotado como possível vice de
Huck. Roberto Freire, presidente do PPS, e o ex-presidente do Banco Central
Arminio Fraga são interlocutores frequentes dele. Rodrigo Maia, que no fim do
ano passado tentou atrair o apresentador para o DEM, mais recentemente passou a
admitir que ele mesmo pode se candidatar.
Já Maia, agora pré-candidato, vê com
ceticismo a possível candidatura. “Se ele escreveu mais de uma vez que não é
candidato, inclusive na Justiça Eleitoral, não trabalho com esse assunto como
uma opção. Se ele mudar de opinião – e ele tem todo o direito de escrever uma
coisa num dia e outra no outro -, aí vai ser outro debate”, disse à TV
Bandeirantes.
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