O fim da janela de transferências em janeiro é a principal e polêmica
proposta a ser analisada pelo Comitê de Partes Interessadas no Futebol, que vai
se reunir dia 28, na sede da Fifa, em Zurique. A ideia é do presidente da Fifa,
Gianni Infantino, que deseja mudança radical nos processos de negociações de
jogadores. O dirigente vem divulgando isso por onde tem passado desde a última
sexta-feira.
O Comitê de Partes Interessadas no Futebol assessora e assiste o
Conselho da Fifa sobre assuntos relacionados ao futebol, particularmente a
estrutura do jogo, bem como em todos os assuntos técnicos. Também lida com a
relação entre clubes, jogadores, ligas, federações, confederações e a Fifa, bem
como questões relacionadas aos interesses dos clubes de futebol no mundo.
Segundo publicou o diário esportivo francês “L´Équipe”, na última
sexta-feira, Infantino vai apresentar 11 propostas ao comitê. A mais impactante
é o fim da janela de transferências em janeiro na Europa. O mercado movimentou
US$ 6,7 bilhões (R$ 21,63 bilhões) em 2017, com rendimentos de mais de US$ 500
milhões (R$ 1,61 bilhão) para agentes de jogadores e intermediários.
O presidente da Fifa deseja que exista apenas uma janela de
transferências por ano. Assim, na Europa, acabaria a de janeiro e se abriria
apenas a do verão europeu, a partir de 1º de julho.
A entidade quer propor que o mercado de transferências se feche antes do
início de cada campeonato, no caso da maioria dos certames europeus, no começo
de agosto. Segundo Infantino, o pedido partiu da Premier League, que, na
próxima temporada 2018/2019, adotará essa regra. No entanto, a entidade inglesa
quer manter a janela de um mês, em janeiro, ao contrário do projeto de
Infantino, que deseja acabar com esse período do mercado.
Se essa ideia do presidente da Fifa já estivesse em vigor, sem a janela
de janeiro, entre outras transferências milionárias, não teriam acontecido as
de Philippe Coutinho, do Liverpool para o Barcelona, e a do chileno Alexís
Sánchez, do Arsenal para o Manchester United.
Outra proposta importante do presidente da Fifa é aumentar para até 7% a
comissão paga por transferências de jogadores aos clubes formadores. Ele também
proporá pagar uma parte às federações nacionais formadoras, o que aumenta a
polêmica.
– Temos que assegurar que, de todo o dinheiro que há nas transferências
do futebol, uma parte, 5%, 6% ou 7%, vá para os clubes e federações que
formaram os futebolistas. É algo que hoje não acontece (o percentual hoje é de
até 5%). Temos que fazer isso – sugeriu o presidente da Fifa, no último sábado,
durante um encontro com jornalistas de Cabo Verde, na visita de algumas horas
que fez à Federação daquele país africano.
No campo financeiro, Infantino quer regular as comissões pagas aos
agentes e impor um teto salarial a todos os clubes, para evitar corrupção,
subornos e lavagem de dinheiro.
Infantino também quer limitar o número de empréstimos de jogadores, para
combater situações como a da Udinese, da Itália, que tem 103 jogadores
contratados, muitos deles espalhados por vários continentes.
– Há equipes com 50, 60, 70 jogadores, que poderiam jogar em times de
muitos países, mas eles preferem ser o número 50 em outro país, porque ganha um
pouco mais, mas não joga – disse o dirigente aos jornalistas caboverdianos.
Se a recepção às propostas for positiva no Comitê de Partes
Interessadas, poderá ser levada para discussão do Conselho da Fifa, nas
reuniões de 15 e 16 de março, em Bogotá (Colômbia). No entanto, o mais provável
é que seja estudada mais detalhadamente pelo Comitê antes de ser levada ao
Conselho através de uma proposta oficial.
Globo Esporte