Se o presidente Michel Temer ficar sem
foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal) quando deixar o cargo, em
janeiro de 2019, as denúncias apresentadas contra ele pela PGR
(Procuradoria-Geral da República) por participação em organização criminosa não
vão para as mãos do juiz Sergio Moro, no Paraná, mas serão analisadas pela
Justiça Federal de Brasília.
A decisão foi tomada nesta terça-feira
(19) pelos ministros do STF e atinge seus principais aliados, os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
Apesar de não analisar a situação
especificamente do presidente, o Supremo tomou a decisão ao debater recursos de
outros políticos do PMDB que foram denunciados junto com o presidente e seus
ministros.
Temer foi alvo de duas denúncias pela
PGR (Procuradoria-Geral da República) na Lava Jato em 2016. Em ambos os casos,
a Câmara dos Deputados decidiu que o Supremo não teria aval para analisar se o
presidente deveria virar réu ou não.
Assim, as denúncias ficam sobrestadas
(em suspenso) até 1º de janeiro, quando ele deixa o cargo. A imunidade
temporária é uma prerrogativa do presidente da República e dos ministros de
Estado determinada pela Constituição.
Na primeira denúncia, em junho, o então
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou Temer e seu ex-assessor
Rodrigo Rocha Loures ao STF pelo crime de corrupção passiva. Este caso já está
em Brasília e Rocha Loures virou réu no começo de dezembro.
De acordo com a PGR, o presidente teria
sido o destinatário final de uma mala contendo propina de R$ 500 mil e de uma
promessa de outros R$ 38 milhões em vantagem indevida, ambas da empresa JBS, e
o Rocha Loures teria intermediado a operação.
A segunda denúncia foi oferecida em
setembro. Temer é apontado como o líder da organização criminosa desde maio de
2016 e é acusado pelos crimes de obstrução de Justiça e participação em
organização criminosa.
O grupo teria recebido ao menos R$ 587
milhões de propina. Foram acusados os ex-deputados do PMDB Eduardo Cunha (RJ),
Henrique Alves (RN), Geddel Vieira Lima (BA), Rodrigo Loures (PR), além dos
ministros Padilha e Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os delatores Joesley
Batista e Ricardo Saud, da JBS.
Segundo a denúncia, eles cometeram
crimes em troca de propina vinda de vários órgãos públicos como Petrobras,
Furnas, Caixa Econômica Federal, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos
Deputados.
O ministro Edson Fachin, relator dos
casos, desmembrou a parte relativa aos investigados sem foro e remeteu-a ao
Paraná, para a investigação ser tocada pela força-tarefa da Lava Jato e pelo
juiz Moro.
No entanto, os investigados recorreram e
pediram para que as acusações contra eles também ficassem sobrestadas enquanto
Temer for presidente ou que, caso remetidas para a primeira instância, fossem
para a JF-DF (Justiça Federal do Distrito Federal).
Os recursos foram analisados nesta
terça, na última sessão do STF em 2017.
Por unanimidade os ministros decidiram
que o desmembramento deveria ser feito, mas se dividiram quanto o local para
onde os processos deveriam ser enviados: Paraná ou Distrito Federal.
Folhapress