O
Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF-RN) denunciou os
ex-presidentes da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves e Eduardo
Cunha, ambos do PMDB, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro qualificada.
Na
denúncia, enviada à Justiça na última segunda-feira (27) e divulgada
hoje (29), o MPF acusa os ex-deputados e mais seis pessoas de receber
mais de R$ 6 milhões em propina oriunda de fraudes em contratos de
financiamento da Caixa Econômica Federal.
De
acordo com o MPF, os recursos desviados foram usados para compra de
apoio político na campanha eleitoral de Henrique Alves ao governo do Rio
Grande do Norte, em 2014, no primeiro e segundo turnos. O repasse da
propina foi efetuado, ainda conforme o MPF, pelo doleiro Lúcio Funaro,
um dos denunciados, que assinou acordo de delação premiada.
“Os
montantes eram oriundos de esquema de corrupção e lavagem de dinheiro
implantado por ambos os ex-deputados na Caixa Econômica Federal, entre
os anos de 2011 e 2015, mediante a indicação de aliados políticos para
altos cargos na empresa pública federal e a subsequente cobrança de
propina de empresas interessadas na celebração de contratos de
financiamento com o banco público”, diz trecho da denúncia.
Para
o MPF, os ex-parlamentares, em razão do recebimento das vantagens
indevidas, “no mínimo, omitiram-se de seu dever de fiscalização da
administração pública federal, deixando de adotar providências em
relação ao esquema ilícito em questão.”
Além
de Cunha, Alves e Funaro, são alvos da denúncia Arturo Silveira Dias de
Arruda Câmara, cunhado e coordenador da campanha de Alves, José Geraldo
Moura da Fonseca Júnior, Aluízio Henrique Dutra de Almeida, Norton
Domingues Masera e Paulo José Rodrigues da Silva, ex-assessores do então
deputado.
“Existe,
pois, efetivamente, um grupo de assessores e ex-assessores de Henrique
Eduardo Lyra Alves que lhe prestou ajuda, nos delitos cometidos durante a
campanha ao governo do estado do Rio Grande do Norte em 2014 e
possivelmente em ocasiões distintas, bem como continua a fornecer-lhe
auxílio, em atividades tanto lícitas como ilícitas”, diz o MPF na
denúncia.
O
Ministério Público Federal pede, além da condenação dos acusados, a
devolução de R$ 4,2 milhões para reparação aos cofres públicos e que
eles fiquem impedidos de exercer cargos público por, pelo menos, o dobro
do tempo de prisão. A denúncia é resultado da Operação Manus,
desencadeada em julho, como desdobramento da Operação Lava Jato, e que
prendeu Henrique Alves.
Até o momento, a reportagem não conseguiu fazer contato com a defesa dos acusados.
Agência Brasil