O papa Francisco
recomendou aos bispos italianos que não aceitem seminaristas gays, afirmou
nesta quinta-feira (24) a coluna Vatican Insider do jornal italiano La Stampa.
“Fiquem de olho
nas admissões aos seminários, deixem os olhos abertos”, disse Francisco,
segundo o jornal. “Se tiverem dúvidas, é melhor que eles não entrem.”
A recomendação
teria sido feita em reunião a portas fechadas da Conferência dos Bispos
Italianos, no Vaticano, que durou cerca de três horas, na segunda-feira (21).
O papa expressou
preocupação de que, quando as tendências homossexuais estão “profundamente
enraizadas”, a pessoa pode ser levada a “atos homossexuais” que podem comprometer
a vida do seminário, bem como a do próprio jovem e seu possível futuro
sacerdócio.
Segundo o papa,
isso pode gerar “escândalos” que desfiguram o rosto da igreja, afirmou o La
Stampa.
O encontro
ocorreu apenas um dia depois que um homem chileno vítima de abuso sexual por
membros da Igreja Católica afirmou que o papa lhe disse, em conversa privada,
que Deus o havia feito gay e o amava daquela maneira.
O Vaticano não
quis comentar sobre a reportagem.
As declarações
devem animar conservadores dentro da igreja que têm ficado alarmados sobre a
mudança na linguagem em torno da homossexualidade, implementada por Francisco.
Em 2013, o papa
havia dito que “se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgar?”.
A Igreja
Católica considera a homossexualidade uma desordem imoral.
Em um documento
de 2005, divulgada pelo predecessor de Francisco, o papa Bento 16, o Vaticano
disse que a igreja poderia admitir para o sacerdócio pessoas que haviam
“superado” suas “tendências homossexuais” por pelo menos três anos.
Porém, documento
de 2016 chamado Ratio Fundamentalis diz que: “No que diz respeito às pessoas
com tendências homossexuais que vêm para os seminários, ou a descobrem no curso
desta formação, em coerência com o seu magistério, a igreja, embora respeitando
profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao seminário e às ordens
sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências
homossexuais profundamente arraigadas ou apoiam a chamada cultura gay ”.
O documento
determina ainda que os superiores devem ser informados da homossexualidade
pelos seminaristas.
Folha de São Paulo