As projeções
para as chuvas de 2016 no semiárido nordestino não são animadoras. A
provável consolidação do fenômeno El Niño, aquecimento das águas do
Oceano Pacífico equatorial que dificulta a formação de nuvens, deve
resultar em mais um ano de precipitações “abaixo do normal”. A projeção é
da Fundação de Meteorologia e Recursos Hídricos do Ceará (Funceme),
instituição que norteia as discussões sobre clima no Nordeste. Segundo o
presidente da Funceme, Eduardo Martins, “as projeções indicam uma
probabilidade de cerca de 85% de que a condição e El Niño permaneça até o
fim deste ano e início do próximo ano.”
Após o quarto
ano de estiagem severa, o semiário nordestino acumula frustrações na
safra, perda de rebanho, escassez da reserva hídrica, dificuldades no
abastecimento das zonas urbana e rural. O El Niño é sempre o principal
fator de preocupação pela influência que exerce sobre a formação dos
ventos e no deslocamento da Zona de Convergência Intertropical,
condições meteorológicas que propiciam as chuvas no semiárido.
O fenômeno cria
sobre o Nordeste um fluxo de ar “subsidente”, que se move de cima para
baixo, dificultando a formação e desenvolvimento de nuvens de chuva.
Além do El Niño, também influem nas precipitações a condição do Oceano
Atlântico tropical.
Doutor em
engenharia civil e ambiental pela Cornell University (EUA), Eduardo
Martins ressalta que, embora seja “muito cedo” para se fazer qualquer
previsão para a próxima quadra chuvosa, a preocupação recai sobre o
quadro de reservas hídricas no Nordeste. No Rio Grande do Norte, por
exemplo, todas as bacias hidrográficas do interior estão com menos de
30% da capacidade de reserva, fruto de quatro anos sem recarga. O
aquecimento das águas do Pacífico chegaram, na região central do mar, a
1,4ºC acima do normal para o período.
* Cardoso Silva via tnonline