O Papa Francisco realizou na manhã desta quinta-feira (24) o primeiro
discurso de um papa no Congresso dos Estados Unidos, como parte de sua
agenda durante sua primeira visita ao país. O Papa pediu o fim da
"mentalidade de hostilidade" contra os imigrantes, falou sobre o
fundamentalismo religioso, a necessidade de proteger as pessoas mais
vulneráveis, e a luta pela igualdade na sociedade norte-americana.
O
pontífice também voltou a tocar no tema da mudança climática, algo que
divide republicanos e democratas nos EUA. Para ele, o Congresso dos EUA
tem um importante papel a cumprir na luta contra os danos ambientais
causados pela atividade humana, e pediu "ações valentes" neste sentido.
“Estou convencido de que podemos fazer a diferença e não tenho nenhuma
dúvida de que os EUA e este Congresso devem ter um papel importante”.
Em
outro assunto polêmico, o Papa pediu a abolição global da pena de
morte. "Estou convencido de que este é o melhor modo, já que toda vida é
sagrada", disse. Em referência ao aborto e à eutanásia, ele afirmou que
a humanidade deve “proteger e defender a vida humana em todos os
estágios de seu desenvolvimento.”
Francisco se disse ainda
preocupado com o futuro dos casamentos e famílias, visto que “relações
fundamentais estão sendo questionadas”.
"A família foi essencial
para construir esse país. E merece todo nosso apoio e encorajamento.
Mesmo assim, não oculto minhas preocupações quanto à família, que está
ameaçada, talvez como nunca antes, do lado de dentro e do lado de fora",
afirmou, segundo a agência France Presse.
O pontífice iniciou
seu discurso falando diretamente aos parlamentares, sobre seu dever em
defender e preservar a dignidade da população, e estimular o crescimento
de todos os membros da sociedade, principalmente aqueles mais
vulneráveis.
"Eu gostaria não apenas de falar com vocês
parlamentares, mas através de vocês, com toda a população dos EUA.
Queria esta oportunidade para dialogar com milhares de mulheres e
homens. Eles não estão apenas pagando seus impostos, mas em seu próprio
modo sustentam a vida em sociedade", disse Francisco.
Ele pediu que o Congresso dê esperança para as pessoas que estão “presas no ciclo da pobreza”.
Imigração
O
Papa tocou novamente no tema dos imigrantes, lembrando que ele é filho
de imigrantes, assim como alguns dos presentes no Congresso. "Não
devemos repetir os pecados e os erros do passado. Devemos resolver viver
agora de maneira tão nobre e justa quanto possível, enquanto educamos
novas gerações."
Ele pediu que o Congresso rejeite a “mentalidade
de hostilidade” em relação aos imigrantes e reconheça que as pessoas
que querem se mudar para os Estados Unidos são pessoas que estão
tentando melhorar suas vidas e as de suas famílias.
“Construir
uma nação pede que reconheçamos que nós precisamos nos relacionar
constantemente com os outros, rejeitando uma mentalidade de hostilidade
para poder adotar uma de subsidiariedade recíproca”, disse Francisco.
Para
ele, a crise dos refugiados é algo sem precedentes desde a Segunda
Guerra Mundial, e o drama no continente americano representa “grandes
desafios e decisões difíceis”. Para ele, é necessário não deixar-se
intimidar por números, e adotar uma reposta que os trate de um modo
sempre “humano, justo e fraternal”.
Francisco pediu vigilância
contra qualquer tipo de fundamentalismo, e advertiu que “nenhuma
religião é imune às diversas formas de aberração individual ou
extremismo religioso”. “Combater a violência realizada em nome de uma
religião, uma ideologia, ou um sistema econômico e, ao mesmo tempo,
proteger a liberdade das religiões, das ideias, e das pessoas requer um
delicado equilíbrio sobre o qual temos que trabalhar”, afirmou.
O
Papa assinalou que este ano marca o 120º aniversário do assassinato do
presidente Abraham Lincoln, o “guardião da liberdade”, e também lembrou
da marcha de Martin Luther King saindo de Selma realizada há 50 anos,
como parte de seu sonho de que os afro-americanos tivessem direitos na
América. “Esse sonho continua a nos inspirar, e estou feliz de saber que
a América continua a ser para muitos a ‘terra dos sonhos’.”
Participam
da sessão conjunta do Congresso diversas autoridades, como os
responsáveis do Supremo Tribunal, os presidentes do Senado e da Câmara
dos Representantes, o Secretário de Estado e o decano do Corpo
Diplomático.
Fonte: G1
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