O
Ministério da Saúde anunciou esta semana que vai incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) uma vacina
recombinante contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das
principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo os
temidos quadros de bronquiolite.
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Trata-se
da vacina Abrysvo, produzida pela farmacêutica Pfizer. Segundo o ministério, a
dose será aplicada em gestantes visando proteger o bebê ao longo dos primeiros
meses de vida. A portaria oficializando a incorporação e detalhando o esquema
vacinal deve ser publicada nos próximos dias.
VSR
e bronquiolite
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o VSR figura como um
dos principais vírus associados à bronquiolite, quadro caracterizado pela
inflamação dos bronquíolos - pequenas e finas ramificações dos brônquios que
transportam o oxigênio até o tecido pulmonar.
Segundo
a SBIm, o vírus circula com maior intensidade no inverno e no início da
primavera, períodos em que pode causar epidemias. No Brasil, a sazonalidade do
VSR varia conforme as diferentes regiões do país. Surtos em outras estações do
ano, entretanto, não são incomuns, sobretudo em países de clima tropical.
“Quase
todas as crianças são infectadas com VSR pelo menos uma vez até os dois anos de
idade. Recorrências em outros momentos da vida são comuns, uma vez que a
infecção não proporciona imunidade completa, mas, em geral, são menos graves”,
destaca a SBIm.
Nos
Estados Unidos, por exemplo, o VSR é responsável por mais de 50 mil
hospitalizações entre menores de cinco anos. Já no Brasil, dados da Secretaria
de Atenção Primária à Saúde indicam que o vírus é responsável por cerca de 80%
dos casos de bronquiolite e até 60% dos quadros de pneumonia em crianças
menores de 2 anos.
De
acordo com a SBIm, algumas condições crônicas aumentam o risco de infecção
grave por VSR: doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a asma; doenças
cardiovasculares, como insuficiência cardíaca congestiva e doença arterial
coronariana; imunocomprometimento moderado ou grave; diabetes mellitus; distúrbios renais
e hepáticos; e distúrbios hematológicos.
Sintomas
A
maioria das crianças infectadas pelo VSR apresenta sintomas leves, geralmente
semelhantes aos de um resfriado comum. Em menores de dois anos, entretanto, a
infecção pode evoluir para sintomas mais graves e associados à bronquiolite.
Inicialmente,
há coriza, tosse leve e, em alguns casos, febre. Em um a dois dias, pode haver
piora da tosse, dificuldade para respirar, aumento da frequência respiratória -
com chiado a cada expiração - e dificuldade para mamar e deglutir. Como sinal
da menor oxigenação, pode haver azulamento de dedos e lábios.
Diagnóstico
e tratamento
O
diagnóstico, de acordo com a SBIm, é clínico, mas a identificação e a
confirmação de infecção por VSR são feitas somente por meio de exames
laboratoriais, incluindo testes rápidos e ensaios moleculares, como PCR-RT, que
detectam o antígeno viral.
“Não
há tratamento específico para o VSR. Diante de um quadro grave, é
imprescindível a hospitalização para oxigenoterapia e outras medidas de
suporte. Pode ser necessário o uso de respiradores mecânicos, em ambiente de
UTI [unidade de terapia intensiva], destacou a entidade.
“A
maioria dos pacientes inicia a recuperação em cerca de sete dias e se
restabelece totalmente. Entretanto, crianças podem desenvolver alterações
respiratórias crônicas e tornam-se mais propensas à asma no futuro”, completou
a SBIm.
Transmissão
O
VSR é transmitido pelas secreções do nariz ou da boca da pessoa infectada, por
contato direto ou por gotículas. A transmissão começa dois dias antes de
aparecerem os sintomas e só termina quando a infecção está completamente
controlada. O período de maior contágio é nos primeiros dias da infecção.
Agência Brasil