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quinta-feira, 22 de março de 2018

coagidos a concordar com desvios de dízimos liderados por bispo de Formosa, diz MP

Segundo promotora, párocos participaram de reunião para alinhar posicionamento: 'Perguntavam se estavam em comunhão não com a igreja, mas sim com o bispo'.

dízimos e doações na Diocese de Formosa, no Entorno do Distrito Federal, afirmaram ao Ministério Público que eram coagidos pelo bispo Dom José Ronaldo a compactuar com as irregularidades. Segundo a promotora de Justiça Fernanda Balbinot, uma das responsáveis pelo caso, houve uma reunião para alinhar o posicionamento. Aqueles clérigos que não concordassem, seriam transferidos.

"No último dia 21 de dezembro, todos os membros do clero e da Diocese de Formosa foram convocados. Nessa reunião, os padres eram pessoalmente chamados para dizer se estavam, não em comunhão com a igreja, mas sim em comunhão com o bispo", explica.

"Inclusive, há a notícia que os padres que se recusaram a dizer que estavam em comunhão com o bispo e suas práticas, foram transferidos para paróquias em locais mais distantes, com parcos recursos financeiros, e em graves dificuldades", complementa.

Além disso, Fernanda destaca que, assim que chegou à Formosa, trocou de função padres que exerciam funções estratégicas. "Estes indivíduos que estão sendo investigados foram colocados nessas posições a mando do bispo e, a partir de então, iniciaram o esquema de apropriação de valores", destaca.

O advogado de Dom José Ronaldo disse à TV Anhanguera que não vai comentar as denúncias.

 A operação foi deflagrada na última segunda-feira (19). A suspeita é que os desvios sejam superiores a R$ 2 milhões. Nove pessoas, incluindo o bispo e outros clérigos, além de duas pessoas apontadas como "laranjas" no esquema, foram presas.

Apreensão de dinheiro

Imagens cedidas pelo Ministério Público mostram quando policiais encontram dinheiro em fundo falso de armário do vigário-geral e monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, de Formosa.

Na gravação, os policias entram na casa e vão até um armário, guiados pelo vigário-geral. Eles abrem o móvel e encontram três caixas de celulares e um notebook. Um dos policiais civis começa a tirar os objetos das prateleiras enquanto o religioso diz: “Esse dinheiro é da Paróquia, não é meu não. Isso é para pagar as despesas da Paróquia”.

Operação Caifás

Segundo a investigação, o grupo se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos.

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o grupo comprou uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações. Em decisão, juiz disse haver indícios de que o dinheiro era usado para despesas pessoais e que carros da Diocese de Formosa eram usados com fins particulares.

Os nove presos estão em celas isoladas no presídio de Formosa, com direito a até duas horas por dia de banho de sol e chuveiro sem eletricidade. Eles estão em prisão temporária até pelo menos esta sexta-feira. O prazo pode ser prorrogado por mais cinco dias.

Intervenção' na diocese

Nesta quarta-feira (21), o Papa Francisco nomeou o arcebispo de Uberaba, em Minas Gerais, dom Paulo Mendes Peixoto, como administrador interino da Diocese de Formosa. Segundo a Nunciatura Apostólica no Brasil, ele auxiliará nas atividades das paróquias da região até que seja nomeado um novo bispo.

Na terça, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Leonardo Ulrich Steiner, disse ao G1 manifestar solidariedade aos fiéis da Diocese de Formosa, “recordando ao irmão bispo que a justiça é um abandonar-se confiante à vontade misericordiosa de Deus”.

“A verdade dos fatos deve ser apurada com justiça e transparência, visando o bem da igreja particular e do bispo”, declarou.

G1GO

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