O empresário Marcelo Odebrecht afirmou que o codinome “amigo”
das planilhas da propina da empreiteira referia-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, em depoimento prestado ao juiz federal Sérgio Moro, nesta
segunda-feira (10).
Foi o primeiro depoimento dele na Operação Lava Jato depois da
assinatura do acordo de delação premiada. O empresário é testemunha no processo
que investiga se o ex-ministro Antônio Palocci recebeu propina para favorecer a
empreiteira.
Odebrecht também disse no depoimento que “italiano” era
Palocci e “pós-itália”, o ex-ministro Guido Mantega. O conteúdo dos
interrogatórios, assim como as delações, está sob sigilo.
A testemunha também citou uma doação ao Instituto Lula, em
2014, e a compra de um terreno que seria usado como sede do instituto. A obra
acabou não realizada.
O ex-presidente do Grupo Odebrecht afirmou também que Palocci
intermediava pagamentos e assuntos de interesse da empresa com o PT.
Vazamentos
Antes do término do depoimento, o juiz Sérgio Moro foi
informado que o conteúdo do que Odebrecht havia dito foi divulgado por agências
de notícias. Voluntariamente, advogados e outras pessoas que estavam na
audiência se dispuseram a mostrar os celulares.
Moro lamentou o vazamento, mas disse que cabia à defesa dos
citados decidirem, em até três dias, se tomariam alguma providência.
O que diz o Instituto Lula
O Instituto Lula afirmou que funciona no mesmo local desde
1991 e que não recebeu nenhum terreno da Odebrecht. Disse ainda que todas as
doações ao Instituto foram feitas com os devidos registros e nota fiscal,
dentro da lei e informadas à Operação Lava Jato.
O Instituto declarou ainda que o ex-presidente Lula não tem
conhecimento ou relação com qualquer planilha na qual pessoas possam se referir
a ele como “amigo”.
O advogado de Antônio Palocci e Guido Mantega não quis
comentar a audiência, mas que o vazamento é criminoso. O PT não quis se
pronunciar.
G1