O
ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), autorizou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a investigar 8
ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados federais que fazem parte
da chamada "lista do Janot".
Entre os
alvos dos novos inquéritos, estão os presidentes do Senado, Eunício Oliveira
(PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os inquéritos servirão para
apurar se há elementos para a PGR denunciar os investigados por eventuais
crimes. Se o Supremo aceitar as eventuais denúncias, os acusados se tornam réus
em ações penais.
A revelação
das investigações foi feita pelo site do jornal "O Estado de S.
Paulo", que, inicialmente, informou que havia 83 inquéritos abertos.
Depois da divulgação das informações pelo jornal, o STF
informou oficialmente que Fachin determinou a abertura de 76 inquéritos
para investigar políticos e autoridades com base nas delações de ex-executivos
da Odebrecht.
Segundo o gabinete de Fachin, foram
arquivados sete casos envolvendo autoridades, a pedido da PGR, por falta de
indícios da ocorrência de crimes. A Procuradoria-Geral da República também
pediu ao ministro que enviasse de volta aos investigadores três pedidos de
investigação, para nova análise dos relatos. O próprio Fachin remeteu outros
oito pedidos à PGR, para nova manifestação do órgão, responsável pela condução
das investigações (veja mais
abaixo).
O ministro também decidiu
enviar para instâncias inferiores da Justiça 201 pedidos de investigação de
pessoas citadas sem o chamado “foro privilegiado” (prerrogativa de responder a
processo somente no STF). Ainda existem outros 25 pedidos mantidos sob sigilo,
por risco de, caso sejam revelados, atrapalhar as investigações.
Ministros de Temer
Dos 28 ministros do governo Michel Temer, oito serão
investigados no Supremo Tribunal Federal: Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil;
Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência; Gilberto Kassab
(PSD), da Ciência e Tecnologia; Helder Barbalho (PMDB), da Integração Nacional;
Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores; Blairo Maggi (PP), da
Agricultura; Bruno Araújo (PSDB), das Cidades; e Marcos Pereira (PRB), da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O presidente Michel
Temer é citado nos pedidos de abertura de dois inquéritos, mas, em razão da
"imunidade temporária" que possui como presidente da República, a PGR
não o incluiu na "lista do Janot". Isso porque, no período em que
estiver no comando do Palácio do Planalto, Temer não pode ser investigado por
crimes que não tenham relação com o exercício do mandato.
Senadores
Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR) são os alvos da
"lista do Janot" com maior número de inquéritos abertos: cinco cada
um. Aécio é presidente nacional do PSDB. Jucá, além de presidir o PMDB, é o
líder do governo Temer no Senado. Na sequência aparece o líder do PMDB no
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que é alvo de quatro inquéritos.
Delações da Odebrecht
Os pedidos de investigação apresentados em 14 de março ao
Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se basearam em
depoimentos de delatores da Odebrecht.
O ministro Fachin também autorizou a investigação de um
ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) – Vital do Rêgo –, de três
governadores – Tião Viana (PT-AC), do Acre; Robinson Faria (PSD), do Rio Grande
do Norte; e Renan Filho (PMDB) de Alagoas –, de ex-ministros, de prefeitos, de
assessores de parlamentares e de autoridades.
A delação
da Odebrecht envolve 12 governadores, mas apenas três aparecem com pedidos
de inquérito no STF porque foram mencionados ao lado de outras autoridades que
têm foro privilegiado na Corte.
Os outros nove governadores citados são: Beto Richa (PSDB), do
Paraná; Fernando Pimentel (PT), de Minas Gerais; Flávio Dino (PC do B), do
Maranhão; Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo; Luiz Fernando Pezão (PMDB), do
Rio de Janeiro; Marcelo Miranda (PMDB), de Tocantins; Marconi Perillo (PSDB),
de Goiás; Paulo Hartung (PMDB), do Espírito Santo; e Raimundo Colombo (PSD), de
Santa Catarina.
G1, Brasília