"Sei bem que a crise que o País enfrenta não é de simples solução, uma vez que tem raízes sociais, políticas e econômicas, e não corresponde à Igreja nem ao papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo", escreveu o pontífice, segundo trecho publicado no blog do jornalista Gerson Camarotti, da GloboNews.
O papa pediu a Temer atenção especial à população mais pobre. "Não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira", declarou.
Convite recusado. Sobre o convite, o papa disse que, por causa de sua intensa agenda, não poderia visitar o Brasil neste ano. Ainda de acordo com Camarotti, o pontífice afirmou que reza pelo País e que acompanha "com atenção" os acontecimentos na maior nação da América Latina.
Citando sua exortação apostólica A Alegria do Evangelho, Francisco também lembrou que não se pode "confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado", em um momento em que o governo Temer tenta aprovar reformas econômicas para garantir a confiança dos investidores.
Impeachment. Em setembro, na inauguração de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no Vaticano, o pontífice já havia dito que o Brasil passava por um "momento triste".
Um mês antes, Francisco enviara uma carta não oficial em apoio a Dilma Rousseff (PT), que na época ainda não tinha sofrido o impeachment. Contudo, o papa sempre evitou se posicionar publicamente sobre a crise política enfrentada pelo País, que culminou na derrubada da presidente petista. /ANSA
Estadão