Trinta
pessoas foram mortas no Rio Grande do Norte somente neste final de semana – o
mais violento do ano no estado, segundo levantamento feito pelo Observatório da
Violência Letal Intencional (OBVIO). A matança supera o fim de semana de
janeiro (dias 14 e 15) no qual 26 detentos foram assassinados em confronto
dentro do maior presídio do estado, episódio conhecido como "Massacre de Alcaçuz".
Ainda de
acordo com o instituto, dos 30 homicídios registrados, 12 ocorreram em Natal.
Outros 4 foram registrados em Mossoró, na região Oeste, e 3 em Ceará-Mirim.
A PM também
registrou um assassinato em cada uma das seguintes cidades: Parnamirim, Apodi,
Baraúna, Caicó, Caraúbas, Extremoz, Japi, Macaíba, Martins e Santa Cruz.
Um dos casos
que mais chamou a atenção na capital foi a
morte do motorista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) José
Wilson de Souza, de 59 anos. Na madrugada deste domingo (9), ele foi ao
bairro de Ponta Negra para buscar a reitora da universidade e levá-la ao
aeroporto. Antes, porém, acabou assassinado com quatro tiros.
Há duas
versões para a motivação do crime. De acordo com a PM, por causa do carro da
UFRN, que é um veículo preto descaracterizado, o motorista teria sido
confundido com um policial. Já a Polícia Civil acredita em tentativa de
assalto.
Aumento de casos
Os números
do OBVIO também mostram um crescimento de 30,5% no número de homicídios no
estado. Em 2016, segundo os dados do instituto, 518 pessoas haviam sido mortas
entre janeiro e 10 de abril. Este ano, no mesmo período, pelo menos 676 pessoas
já foram assassinadas, o que dá uma média de 6,8 mortes por dia.
Por meio de
sua assessoria de comunicação, a Secretaria de Segurança Pública disse que não
vai comentar as estatísticas. Contudo, ressaltou que ainda nesta segunda-feira
(10) será lançado um plano de combate à criminalidade.
'Vidas perdidas'
Ivênio
Hermes, que é especialista em segurança pública e um dos diretores do OBVIO,
destaca que “embora os esforços das polícias estaduais sejam visíveis, a
ausência demorada na efetivação de políticas públicas de segurança efetivas deu
margem a um levante homicida que exaure a capacidade dessas polícias”.
“A onda de violência homicida que tem afetado o Rio
Grande do Norte mais uma vez atinge números elevados, apontado para um domínio
da criminalidade sobre as ações de segurança pública.”
O
especialista também critica a falta de punição para os criminosos. "A
impunidade nos crimes de homicídio se amplia e é diretamente proporcional ao
número crescente desses crimes. O policiamento ostensivo não tem dado conta de
retirar homicidas das ruas na mesma proporção que o cometimento desse crime
aumenta, e até atinge essa força policial, que é suscetibilizada por andar
caracterizada."
Ainda de
acordo com Ivênio Hermes, “se as estratégias atuais não forem revistas, não
teremos números para mostrar segurança, e a crescente evolução dessa escalada
criminal continuará afetando a população, afugentando investidores, turistas e
colocando nosso estado em um cenário estatístico desastroso para o progresso e
para economia, sem falar no maior prejuízo de todos: as vidas perdidas”.
G1RN