O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nessa
quarta-feira (27) que não pretende votar na sessão do plenário que
decidirá sobre o afastamento ou não, por até 180 dias, da presidenta
Dilma Rousseff do cargo, como prevê o processo de impeachment em curso
na Casa. Mais cedo, Renan Calheiros se reuniu com o vice-presidente da
República, Michel Temer; depois, com o presidente nacional do PSDB,
Aécio Neves, e com senadores, na residência oficial do Senado.
Caso
a Comissão Especial do Impeachment aprove parecer favorável à
admissibilidade do processo contra Dilma, no próximo dia 6, Renan disse
que não se pronunciará sobre isso ao conduzir a sessão do plenário que
vai votar o parecer.
“Nesta primeira votação, não vou votar e não
devo votar, porque a isenção do cargo requer que eu tenha condições de
continuar conversando com todo mundo, não me permite ter lado. Ao final,
cada senador será transformado em julgador”, afirmou Renan. Ele também
garantiu que a votação em plenário será “a mais simples possível”, o que
sugere que ela pode acontecer pelo painel eletrônico e não com votos
orais de cada senador.
Sobre o encontro com Temer, Renan disse
que foi “institucional” e que os dois trataram da necessidade de evitar
que a pauta política do país seja dominada pela distribuição de cargos
no eventual novo governo de Temer.
“Nós falamos da necessidade de
superarmos essa pauta de ocupação de cargos. Isso é uma coisa que está
sendo contrariada pela sociedade brasileira. A virada que esse momento
pode ou não possibilitar, requer uma qualificação dessa pauta. Portanto,
é fundamental discutir cenários, a necessidade de fazer mudanças,
reformas institucionais, essa questão do Banco Central – se vamos ter um
Banco Central independente ou não – se vamos fazer a reforma política, o
que vamos fazer com a questão fiscal, quais mudanças virão ou não. Eu
acho que é isso que tem que dominar o noticiário de cada dia”, afirmou o
presidente do Senado.
Ainda sobre a conversa com Temer, Renan
negou que eles tenham tratado sobre a convocação do Congresso Nacional
para, em breve, votar uma nova redução da meta fiscal para este ano.
“O
vice-presidente sabe que o Senado, o Congresso, a Câmara, não faltarão
com o Brasil. Tão logo haja a necessidade de nós convocarmos o Congresso
para apreciar novamente a redução da meta fiscal, nós faremos isso.
Porque o interesse do Brasil está acima de qualquer outra questão”,
disse Renan.
Questionado sobre a proposta de emenda à
Constituição encampada por um grupo de senadores, que novas eleições
presidenciais em outubro deste ano, o presidente do Senado disse não
acreditar que a matéria tenha chances de ser aprovada.
“Qualquer
cenário nesse momento que signifique alterar a Constituição Federal é
muito difícil, porque nós estamos vivendo um momento de crise, de
conturbação política, econômica, e mudar a Constituição nesse momento,
ou seja, ter três quintos dos votos na Câmara e no Senado, é muito
difícil. É um consenso meio que inatingível”, afirmou o senador de
Alagoas.
Renan disse ainda que, ao encontrar a presidenta Dilma
Rousseff ontem (26), ficou impressionado com a estabilidade emocional e a
maturidade dela ao lidar com o atual momento político. “Nós conversamos
sobre cenários e eu, mais do que nunca, me surpreendi com o bom senso, a
firmeza, a estabilidade emocional da presidente da República, que
conversa maduramente sobre qualquer questão”. Ele afirmou que a conversa
tratou de “quais cenários” ambos teriam que administrar, mas não
avaliaram as chances do afastamento dela.
Agência Brasil