O Papa Francisco
se encontrou neste domingo (27), último dia da visita aos Estados
Unidos, com vítimas de abuso sexual praticado por padres e prometeu
responsabilizar os envolvidos no escândalo, num poderoso alerta a bispos
norte-americanos acusados de acobertar pedófilos em vez de entregá-los à
polícia.
O Pontífice fez o gesto de reconciliação no começo de
uma reunião com bispos dos EUA que foram à Filadélfia para um grande
encontro com famílias católicas.
Francisco chamou as vítimas de
"verdadeiros arautos da misericórdia" que merecem a gratidão da Igreja e
disse que o abuso sexual na instituição não pode mais ser mantido em
segredo. Ele prometeu proteger "zelosamente" os jovens e garantir que
"todos os envolvidos sejam responsabilizados".
"Deus chora, pois
os abusos sexuais de crianças não podem ser mantidos em segredo, e eu me
comprometo com uma fiscalização cuidadosa para garantir que a juventude
esteja protegida e que todos os envolvidos sejam responsabilizados",
disse o Papa, em espanhol.
O papa concordou em criar um novo
tribunal do Vaticano para processar bispos que falham em proteger seus
rebanhos ao acobertar padres pedófilos.
No começo da semana,
grupos de apoio a vítimas acusaram Francisco de neglicenciar seus
pleitos ao elogiar os bispos por sua resposta "corajosa" e generosa ao
escândalo.
No domingo, ele dirigiu a atenção às vítimas numa
cidade atingida pelo escândalo. A Arquidiocese da Filadélfia foi alvo de
várias investigações, e um monsenhor foi condenado por colocar em risco
crianças ao não afastar padres pedófilos tornando-se o primeiro membro
da Igreja nos EUA a ser punido por um tal crime.
A reunião de
domingo ocorreu um dia depois de o papa rezar uma missa com Justin
Rigali, o cardeal que era arcebispo da Filadélfia quando a arquidiocese
foi acusada de acobertar pedófilos.
O encontro com as vítimas foi
o segundo do tipo. O primeiro ocorreu no Vaticano. Mas Francisco e
bispos norte-americanos argumentaram também que o problema do abuso
sexual de crianças é algo sério que vai além da Igreja, e alcança
especialmente escolas e famílias. O fato de o Pontífice ter se reunido
com vítimas de outras pessoas que não padres sublinha esse ponto.
O
porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que o Papa se encontrou
com as vítimas por meia hora no seminário San Carlo Borromeo. Segundo
Lombardi, o Papa rezou com as vítimas, ouviu suas histórias e expressou
que partilhava do sofrimento delas e que sentia "dor e vergnha" no caso
daquelas abusadas por padres.
"Ele renovou seu compromisso e o da
Igreja no sentido de que as vítimas sejam ouvidas e tratadas com
Justiça, que os culpados sejam punidos e que os crimes de abuso sejam
combatidos com esforços eficientes de prevenção na Igreja e na
sociedade", disse Lombardi em pronunciamento. "O Papa agradeceu às
vitimas por sua contribuição essencial para esclarecer a verdade e
começar o caminho da cura."
A agenda do Papa para o domingo
inclui visita a uma prisão e uma missa final nos Estados Unidos no maior
bulevar da Filadélfia, o Benjamin Franklin Parkway. Organizadores
esperam 1 milhão de pessoas, mas há temores de que o esquema de
segurança - que inclui checagens de bagagens semelhantes às feitas em
aeroportos, bloqueios de ruas e cercas - afastem o público.
Fonte: iG com AP