A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nesta
segunda-feira, 30 de abril, a “Mensagem aos Trabalhadores e Trabalhadoras” por
ocasião da celebração do Dia do Trabalhador neste 1º de maio. No documento, a
entidade saúda os(as) trabalhadores do Brasil e, baseada na Doutrina Social e
no Magistério da Igreja, lembra que o “trabalho constitui uma dimensão
fundamental da existência do ser humano sobre a terra’.
A mensagem, conclama os católicos e todas as pessoas de boa vontade a
vencerem a tentação da indiferença e da omissão e a colocar-se decididamente ao
lado dos trabalhadores e trabalhadoras, assumindo a defesa de seus direitos e
de suas justas reivindicações. Leia a íntegra do documento abaixo:
MENSAGEM
DA CNBB AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS 1º DE
MAIO DE 2018
“O clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso”
(Tg 5,4)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -CNBB, fiel à sua missão
profética, iluminada pela Palavra de Deus e pela Doutrina Social da Igreja,
saúda os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil que celebram o seu dia neste
1º de Maio. “Convencida de que o trabalho constitui uma dimensão fundamental da
existência do ser humano sobre a terra” (Laborem Exercens, 4), a Igreja
coloca-se ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras em sua luta por justiça e
dignidade, sobretudo, neste momento de prolongada crise vivida pelo Brasil.
O trabalho não é mercadoria, mas um modo de expressão direta da pessoa
humana (cf. Mater et Magistra, 18) que, por meio dele, “deve procurar o pão
quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e
sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual
vive em comunidade com os próprios irmãos” (Laborem Exercens, Intr.).
Além disso, recorda-nos o Papa Francisco, o trabalho humano é
participação na criação que continua todos os dias, inclusive, graças às mãos,
à mente e ao coração dos trabalhadores: “Na terra, há poucas alegrias maiores
do que as que sentimos ao trabalhar, assim como há poucas dores maiores do que
as do trabalho, quando ele explora, esmaga, humilha e mata” (Gênova, 2017). Com
tão grande dignidade, o trabalho humano não pode ser governado por uma economia
voltada exclusivamente para o lucro, sacrificando a vida e os direitos dos
trabalhadores e trabalhadoras.
Ao Estado compete cuidar para que as relações de trabalho se deem na
justiça e na equidade (cf. Mater et Magistra, 21). A solução para a crise, que
abate o País, não pode provocar a perda de direitos dos trabalhadores e
trabalhadoras. Nos projetos políticos e reformas, o bem comum, especialmente
dos mais pobres, e a soberania nacional devem estar acima dos interesses
particulares, políticos ou econômicos.
Conforme temos insistido em nossos pronunciamentos, solidários com os
movimentos sociais, especialmente com as organizações de trabalhadores e
trabalhadoras que sofrem com as injustiças, com o desemprego e com as precárias
condições de trabalho, reafirmamos seu papel indispensável para o avanço da
democracia, apoiamos suas justas reivindicações e os incentivamos a contribuir,
em clima de diálogo amplo e manifestações pacíficas, para a edificação da
justiça, da fraternidade e da paz no mundo do trabalho, sendo “sal da terra e
luz do mundo”, segundo a Palavra de Jesus.
Neste 1º de maio, mais uma vez, conclamamos os católicos e todas as
pessoas de boa vontade a vencerem a tentação da indiferença e da omissão,
colocando-se decididamente ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras, assumindo
a defesa de seus direitos e de suas justas reivindicações.
O Senhor nosso Deus, que “ama a justiça e o direito” (Sl 32,5), nos
conceda a graça de construirmos junto um país verdadeiramente justo e
democrático.
São José Operário, cuja memória hoje celebramos, nos acompanhe com seu
exemplo e intercessão.
Brasília-DF, 30 de abril de 2018
Cardeal
Sergio da Rocha
Arcebispo
de Brasília
Presidente
da CNBB
Dom
Murilo S. Ramos Krieger
Arcebispo
de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente
da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo
Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral
da CNBB
Fonte: CNBB