Dona Luzia passou por uma situação difícil nos últimos dias: ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) na cidade de João Câmara, onde mora, a cerca de 85 quilômetros de Natal, e se viu sozinha no tratamento. Mas a idosa teve uma surpresa quando começou a sua recuperação: reencontrou a filha que não via há mais de 20 anos. Ela a acolheu para ajudá-la.
O reencontro aconteceu após uma postagem numa rede social que pedia ajuda à idosa. Ela havia sofrido um AVC no município de João Câmara. O vizinho de Ana Carla, filha da idosa, em Natal, viu a postagem e a alertou de que poderia se tratar da mãe dela. Foi quando Ana Carla decidiu pegar a estrada e acabou reencontrando a mãe.
A idosa fugiu de casa há mais de 20 anos porque o então marido a agredia. A violência doméstica causou também o desencontro dela com as filhas, com que não teve mais contato desde então. Antes de fugir para tentar recomeçar, ela tirou as filhas do marido e levou para parentes.
"Ela fugiu de casa porque meu pai batia nela. Então, ela me deixou na casa da minha família antes de fugir. Eu achei muito bonita a atitude dela, porque se fosse outra mãe, teria dado a qualquer outra pessoa. Mas ela me deixou na casa da minha família, porque saberia que lá eu seria muito bem cuidada", contou a filha Ana Carla.
A filha então levou Dona Luzia para morar na própria casa no bairro do Guarapes, Zona Oeste da capital, onde a idosa segue a recuperação do AVC. A residência precisou ser adaptada e contou com doações de cama, sofá, cadeira de rodas e fraldas.
A relação nunca foi tão próxima na família. Tanto que Ana Carla só conseguiu conhecer a mãe quando tinha 16 anos - ela foi criada por avó e tias. Depois disso, ela passou mais de 20 anos sem qualquer contato.
"Não fui eu que abandonei a minha mãe. Eu quero mostrar para o mundo como ela está hoje. Que eu só dou pra ela amor e carinho e quero ver ela bem. Se depender de mim, ela vai viver muitos e muitos anos", falou a filha.
Dona Luzia também tem outra filha que não vê há mais de 20 anos. Ela mora em Brasília. A idosa tem sete netos e quatro bisnetos que nem conhece, mas que, estando próxima à família novamente depois de tanto tempo, quer tirar o atraso e restabelecer os laços afetivos.
A filha se sente feliz em poder cuidar da mãe neste momento da vida. "É gratificante. Eu estou fazendo por ela hoje o que ela não pode fazer por mim no passado. Que por ela, ela teria feito, mas não teve como".
Anna Alyne Cunha, Inter TV Cabugi
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