A Petrobras anunciou
reajuste médio de 8% para o diesel vendido em suas refinarias a partir da
sexta-feira, enquanto a gasolina terá elevação de 5%, informou a companhia
nesta quinta-feira, por meio da assessoria de imprensa.
O movimento é o
primeiro reajuste neste mês para o diesel, combustível mais utilizado do
Brasil, e o segundo para a gasolina, que havia sofrido aumento de 10% em 9 de
junho.
Com a elevação, o
preço médio do diesel nas refinarias da estatal passa a ser de 1,5111 real por
litro, maior nível desde meados de abril, segundo dados compilados pela
Reuters, enquanto o valor médio da gasolina passa a 1,5328 real/litro, mais
alto nível desde o final de fevereiro.
Mesmo com segundo
reajuste consecutivo para cima, o preço do diesel ainda acumula queda de 35,5%
neste ano, impactado pelo choque de demanda resultante da pandemia de
coronavírus. No entanto, tem avanço de 15,5% frente às mínimas do ano,
verificadas entre o final de abril e meados de março.
Já a gasolina, que
teve o sexto movimento seguido de alta, acumula recuo de 20% em 2020, embora
tenha se afastado das mínimas do ano, registradas na reta final de abril e no
início de maio, quando o combustível chegou a custar 0,916 real/litro.
As sucessivas
elevações ocorrem em meio a uma recuperação nas cotações do petróleo no mercado
internacional a partir de abril, após acordo entre Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados para cortes recordes de oferta.
O petróleo Brent,
referência internacional, acumula ganhos de mais de 100% desde meados de abril,
quando tocou mínima de 21 anos, abaixo de 16 dólares por barril.
A Petrobras defende
que sua política de preços busca seguir valores de paridade de importação, que
levam em conta o petróleo no mercado internacional e custos de importadores,
como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio.
O dólar acumula
valorização de mais de 10% contra o real desde 8 de junho, quando havia recuado
para mínimas em 12 semanas.
O repasse de
reajustes nas refinarias até os consumidores finais, no entanto, não é imediato
e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda,
impostos e adição obrigatória de biodiesel.
DEFASAGEM
Para o presidente da
Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo,
apesar dos reajustes que deverão começar a vigorar na sexta-feira, continua a
defasagem dos preços da Petrobras na comparação com os valores externos: em 11
centavos de real por litro para o diesel e de 0,13 real por litro para a
gasolina.
Na opinião dele, isso
inviabiliza importações de derivados, uma vez que o petróleo Brent está sendo
negociado acima de 41 dólares o barril e o dólar está no patamar de 5,35 reais.
A Petrobras informou
no final da semana passada à Reuters que as refinarias da empresa, que responde
por quase 100% do refino de petróleo nacional, tiveram recuperação na taxa de
utilização de capacidade, com uma melhora no mercado de combustíveis no Brasil,
uma queda na importação de derivados e exportações recordes de óleo
combustível.
A taxa de utilização
das refinarias no país atingiu cerca de 74%, bem próximo aos 77% verificados no
período anterior ao início da pandemia de coronavírus, segundo os mais recentes
dados do Ministério de Minas e Energia.
Mas, para o
presidente da Abicom, “a demanda (de combustíveis) ainda não voltou ao normal”
no país.
Nesse sentido, uma
pesquisa divulgada pela NTC&Logística na terça-feira apontou que a demanda
por transportes rodoviários de cargas no Brasil ainda apresenta queda de 36,8%
em relação aos níveis pré-pandemia, apesar de indicar os melhores resultados
desde o final de março.
Agência Reuters
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