O ator Flávio Migliaccio foi encontrado morto na manhã
desta segunda-feira (4) no sítio onde morava em Rio Bonito (RJ). Ele tinha 85
anos e era natural de São Paulo, onde nasceu no bairro do Brás, em 26 de agosto
de 1934.
A
morte de Migliaccio foi confirmada pelo 35º Batalhão de Polícia Militar. O
boletim de ocorrência foi registrado como suicídio.
Migliaccio
participou de mais de 30 novelas e minisséries e fez sucesso com vários
personagens, como o pão-duro Moreiras, em "Rainha da Sucata" (1990),
o feirante Vitinho, em "A Próxima Vítima" (1995), Fortunato, em
"Passione" (2010), e o turco Chalita, da série "Tapas &
Beijos" (2011).
Ele
também atuou em sucessos da TV Globo como "Êta Mundo Bom!" (2016),
"Caminho das Índias" (2009) e "América" (2005). O último
trabalho do ator foi na novela "Órfãos da Terra", da TV Globo, em
2019, quando interpretou o personagem Mamede Al Aud.
Além
de ator, ele atuou como diretor, produtor, roteirista e cartunista. Filho de um
barbeiro que tocava violino, cresceu acostumado a atuar e a tocar instrumentos
improvisados com os irmãos — eram 16, ao todo — nos concertos noturnos que o
pai fazia para os vizinhos.
Início da carreira no teatro
Migliaccio
começou a estudar teatro em 1954, no curso do italiano Ruggero Jacobbi, que o
encaminhou para o grupo amador Teatro Paulista do Estudante. Foi lá que ele
conheceu Oduvaldo Vianna Filho e Gianfrancesco Guarnieri.
A
profissionalização como ator teve início no Teatro de Arena, de Zé Renato, onde
ele participou de uma série de peças e para onde levou, inclusive, a irmã Dirce
Migliaccio. Os dois atuaram em dezenas de montagens juntos.
No
Teatro de Arena, ele atuou em montagens de peças como "A Revolução na
América do Sul", de Augusto Boal, "Eles Não Usam Black-Tie", de
Gianfrancesco Guarnieri, e "Chapetuba Futebol Clube", de Oduvaldo
Vianna Filho.
TV e cinema
Nas
décadas de 1950 e 1960, fez pequenas pontas na TV Tupi e atuou em dois
longas-metragens de Roberto Santos – "O Grande Momento" (1958) e
"A Hora e a Vez de Augusto Matraga" (1965). Em 1962, participou de
"Cinco Vezes Favela", atuando em um episódio e escrevendo o roteiro
de outro, com Leon Hirszman. No ano seguinte, estreou como roteirista e diretor
em "Os Mendigos".
Migliaccio
começou na TV Globo em 1972, quando ficou conhecido pelo papel de Xerife, na
novela "O Primeiro Amor". O personagem fez tanto sucesso que, no
mesmo ano, deu origem ao seriado "Shazan, Xerife e Companhia",
estrelado também por Paulo José.
O
ator também fez sucesso com o público infantil, quando apostou no personagem
"tio Maneco". O filme "Aventuras com Tio Maneco" foi
vendido para mais de 30 países e ganhou um prêmio do cinema infantil na
Espanha.
Foi
com Tio Vitinho, de "A Próxima Vítima", que Migliaccio disse ter
vivido seu personagem preferido. “Foi o que mais combinou comigo. Eu bolei uma
coisa que considero uma das maiores criações que tive como ator, e colaborei
com o texto assim: bolei que ele vivia com o travesseiro e a roupa de capa
embaixo do braço, porque não tinha lugar para dormir.
Comecei a desenvolver
isso, a fazer uma cena dramática segurando o travesseiro; ficava
engraçado."
G1
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