Os
desembargadores que integram a 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RN,
por unanimidade de votos, negaram recurso e mantiveram sentença da 2ª Vara da Comarca
de João Câmara que, nos autos da Ação de uma Improbidade Administrativa
proposta pelo Ministério Público, condenou um ex-prefeito de Poço Branco e a
esposa dele pela conduta causadora de enriquecimento ilícito.
A
acusação é de que, enquanto prefeito de Poço Branco, o réu, juntamente com sua
esposa, utilizou-se de contrato informal celebrado entre a municipalidade e um
mercado local para o abastecimento dos órgãos municipais para realizar compras
particulares para sua família.
Na
primeira instância, foram fixadas sanções como: perda dos valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio do acusado, consistente na quantia de R$ 6 mil, a
serem revertidos em favor da municipalidade, acrescida de atualização monetária
e de juros de mora de 1% ao mês, contados a partir do dano ao erário, a ser
apurado em sede de cumprimento de sentença.
O
ex-prefeito e sua esposa também foram condenados ao pagamento de multa civil,
em favor da municipalidade, nos termos do que preceitua o art. 18 da Lei de Improbidade
administrativa, equivalente ao valor do enriquecimento ilícito do réu,
acrescido de atualização monetária e de juros de mora de 1% ao mês, a partir da
data do evento danoso, a ser apurado em sede de cumprimento de sentença.
Inconformados,
eles recorreram ao Tribunal de Justiça alegando nulidade processual ao argumento
de que a decisão foi prolatada apenas com base em depoimentos colhidos
unilateralmente pelo Ministério Público. Quanto ao mérito, defenderam a
inexistência de compras particulares com a utilização de verbas públicas, visto
que os pagamentos não foram efetivados além da ausência de comprovação da
contratação alegada e, por fim, inexistência de ato de improbidade
administrativa.
Ao
analisar o recurso, o relator, desembargador Virgílio Macedo considerou ficou
comprovada a obtenção de vantagem indevida, já que as provas são suficientes
para tanto, visto que há prova da aquisição de produtos, com recursos públicos,
junto ao mercadinho, não condizentes com a necessidade de órgão público, tais
como: 10 caixas de cerveja Lata, 04 litros de Wisk, com a assinatura do
apelante Roberto Lucas e 12 litros de Wisk, 60 refrigerantes de 2 litros, com a
assinatura da esposa do então prefeito.
Ele
observou que as provas estão associadas aos depoimentos dos funcionários do
local da venda, “os quais foram uníssonos em afirmar que nunca receberam
pagamentos privados dos apelantes, mas que todos os produtos eram pagos com
cheques de titularidades da prefeitura”. Para o relator, esses depoimentos
fornecem subsídios para a condenação dos acusados por improbidade administrativa.
“Assim,
a prática da conduta ímproba apurada se assenta no dolo proveniente da
utilização, em proveito próprio, de verbas integrantes do patrimônio
municipal”, decidiu Virgílio Macedo, tendo seu voto acompanhado pelos demais
desembargadores da 2ª Câmara Cível.
TJRN