O
número de crianças com sobrepeso no Rio Grande do Norte ultrapassa a média
nacional e acende um importante sinal de alerta para a saúde pública. De acordo
com dados divulgados em maio de 2025 pelo Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN), do Ministério da Saúde, 8,49% das crianças potiguares de
até 5 anos apresentam peso acima do ideal: um índice superior à média
brasileira, que é de 6,73%, e à média global estimada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), de 5%.
O cenário se agrava entre os adolescentes: 39,18% estão com excesso de peso, número que representa mais que o dobro da média mundial para essa faixa etária, atualmente estimada em 18,2% pela OMS. Esses dados refletem um crescimento silencioso e progressivo de um problema que pode ter impactos duradouros na saúde e no bem-estar das próximas gerações.
A obesidade infantil é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, capaz de comprometer o crescimento saudável, afetar o desempenho escolar e causar doenças crônicas já na infância. O diagnóstico é feito por meio da avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC) ajustado para a idade, com base em padrões de referência da OMS. Crianças com IMC entre 1 e 2 desvios-padrão acima da média são classificadas como com sobrepeso; acima disso, o quadro é considerado de obesidade.
Para a nutricionista Raphaella Martins, da Hapvida em Natal, os números preocupam porque revelam muito mais que uma questão alimentar. “O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo e a rotina cada vez mais conectada a telas contribuem diretamente para esse cenário. A infância é uma fase fundamental para o desenvolvimento de bons hábitos, e a prevenção começa dentro de casa, com escolhas mais saudáveis e estímulo à atividade física”, explica a profissional.
A especialista destaca também o papel das escolas e dos ambientes comunitários no combate ao problema. “Políticas públicas voltadas à alimentação escolar saudável, acesso a espaços de lazer e campanhas educativas podem fazer toda a diferença. É preciso uma resposta coordenada entre poder público, famílias e profissionais da saúde para reverter essa tendência.”
Raphaella reforça ainda a importância do acompanhamento regular com nutricionistas e pediatras, especialmente nos primeiros anos de vida. A detecção precoce de qualquer alteração nutricional é fundamental para permitir intervenções eficazes, evitando complicações como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares que podem se manifestar ainda na juventude.
Diante do crescimento desses índices no estado, a nutricionista alerta que o combate à obesidade infantil precisa ser encarado como uma responsabilidade coletiva e uma prioridade na agenda de saúde pública do RN. O enfrentamento exige conscientização ampla e ações articuladas entre poder público e sociedade, com estratégias contínuas de promoção da educação alimentar, incentivo à prática esportiva e valorização de uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados. Somente com o engajamento conjunto, reforça ela, será possível reverter esse cenário de forma efetiva e com a urgência que requer.
Tribuna do Norte
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