O
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta sexta (8) que não vai
congelar os preços de combustíveis, um dos principais fatores que pressionam a
inflação, e que não tem poder sobre a Petrobras. A estatal anunciou nesta sexta
um reajuste de 7,2% no preço da gasolina e do gás de cozinha.
“Reclamam
no Brasil aumento de preço de mantimentos, combustível, ninguém faz isso porque
quer. Eu não tenho poder sobre a Petrobras. Eu não vou na canetada congelar o
preço do combustível, muitos querem. Nós já tivemos uma experiência de
congelamento no passado”, afirmou durante discurso na 1ª Feira Brasileira de
Nióbio, em Campinas (SP).
O
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta que
o IPCA (inflação oficial do país) alcançou 1,16% em setembro, maior alta para o
mês desde o Plano Real. Com a forte elevação, o indicador quebrou a barreira
simbólica dos dois dígitos no acumulado de 12 meses. Nesse intervalo, a alta
chegou a 10,25%.
Sobre
a alta recente dos preços, Bolsonaro afirmou que “ninguém faz isso [aumenta os
valores] porque quer”.
O
presidente voltou a dizer que pode ocorrer em breve um desabastecimento no país
por falta de fertilizantes, afirmação já feita durante evento no Palácio do
Planalto nesta quinta (7).
Ele
também repetiu que o Brasil é um dos países cuja economia menos sofreu durante
a pandemia e disse ter sido “alijado de ter um plano de combate, pois esse
poder foi dado aos governadores e prefeitos”.
Bolsonaro
ainda atacou a CPI da Covid, que chamou de “circo”. Nesta semana, o relator da
comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) disse que o presidente “deve ser indiciado
pela comissão.”
Acompanharam
o presidente nesta sexta os ministros Marcos Pontes (Ciências, da Tecnologia e
Inovação), Milton Ribeiro (Educação), Braga Neto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos
(Secretaria Geral da Presidência), além de aliados, como os deputados Carla
Zambelli (PSL-SP) e Hélio Negão (PSL-RJ). A comitiva fez um tour pelo complexo,
o que incluiu uma visita ao acelerador de partículas Sirius.
Bolsonaro
deixou o evento sem falar com a imprensa.
Em resposta a manifestante, Bolsonaro questiona se mulher
sabe ‘a raiz quadrada de quatro’
Momentos
antes de começar seu discurso, Bolsonaro foi alvo de um protesto. Quando estava
prestes a começar a falar, duas mulheres se levantaram e começaram a
criticá-lo, citando temas recentes, como seu veto à distribuição gratuita de
absorventes. Elas finalizaram sua intervenção com gritos de “Fora, Bolsonaro”,
e foram vaiadas por parte dos presentes antes de deixar o evento, acompanhadas
por um segurança.
O
presidente ironizou a cena enquanto as manifestantes saíam. “Não vamos nos
rebaixar ao nível deles. Eu saio daqui imediatamente se ela me responder quanto
é sete vezes oito. Quanto é a raiz quadrada de quatro?”
Logo
depois, ele iniciou seu discurso dizendo que sempre gostou de estudar e que
ainda sabia a tabela periódica de cor. “Como eu queria que as pessoas que
gritaram gostassem disso também. São dignas de pena, mas temos que lutar por
elas também”, disse o presidente, de novo se referindo ao protesto.
Bolsonaro
falou sobre nióbio e lembrou que é um defensor do uso do material há anos. “A
gente vê uma bateria de nióbio e se sente melhor. Me enche de orgulho. É uma injeção
de ânimo.”
O
nióbio é um elemento de liga, que consegue transformar as propriedades de
outros materiais, como, por exemplo, o aço, tornando-o mais maleável e
resistente. O mineral é usado em áreas distintas -da produção de aparelhos de
ressonância magnética à construção civil.
Recentemente,
a Volkswagen anunciou uma parceria com a CBMM, empresa com sede em Araxá (MG) e
líder mundial na produção do material, para usar nióbio na bateria de seus
ônibus elétricos. A grande vantagem seria uma redução drástica no tempo de
recarga –de quatro horas para seis minutos.
Nesta
sexta, houve ainda o anúncio de parcerias entre a CBMM e o Centro Nacional de
Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) para o desenvolvimento de tecnologias
em supercondutores.
Além
da feira do nióbio, ocorreu, concomitantemente, no mesmo complexo, a
inauguração de cinco linhas de luz (estações de pesquisa) do acelerador de
partículas Sirius e a inauguração da escola de ciências Ilum.
Fonte: O Tempo