O Ministério da Saúde brasileiro assinou, nesta quarta-feira (17), um
memorando de entendimento com o governo da Argentina que prevê estimular
o intercâmbio de médicos, estudantes e demais profissionais da saúde
entre os dois países, no futuro, principalmente para estudos
científicos.
Os dois governos também cogitam firmar mecanismos de reconhecimento
mútuo de diplomas e para a autorização do exercício profissional de
médicos em ambos os territórios, de acordo com a pasta.
A ideia é fortalecer a cooperação na formação de médicos nos níveis de
graduação e pós-graduação dos dois países, diz o ministério. "A intenção
deste memorando é estimular o intercâmbio entre profissionais
brasileiros e argentinos. É preciso que a gente tenha uma cooperação
maior", disse o secretário de gestão de trabalho e educação da pasta,
Mozart Sales, em nota oficial.
"Nesse primeiro momento, temos a possibilidade de contar com a
participação de médicos argentinos na atenção básica brasileira pelo
programa 'Mais Médicos'", ressaltou Sales. O ministério não divulgou
previsão de prazo para implantação das medidas do memorando.
"Somos um país de dimensões continentais, com mais de 5,5 mil
municípios, dos quais 70% tem dificuldades para contratar profissionais
da saúde", ressaltou o secretário Mozart Sales, segundo nota divulgada
pelo Ministério da Saúde argentino.
Apresentando o 'Mais Médicos'
Sales realiza desde a semana passada uma série de reuniões e viagens
por pelo menos três países - Espanha, Portugal e Argentina - para
apresentar o programa "Mais Médicos", que visa atrair profissionais de
medicina estrangeiros e brasileiros para cidades no interior e
periferias de grandes municípios do Brasil.
Representantes das comunidades autônomas da Catalunha e da Galícia
também assistiram à apresentação do programa. O médico estrangeiro que
vier trabalhar no Brasil vai ter que fazer o primeiro módulo de um curso
de especialização em atenção básica, para conhecer o SUS e os
protocolos do Ministério da Saúde, além de receber informações sobre
doenças específicas do país, diz a pasta.
Médicos estrangeiros que se ausentarem sem justificativa, tiverem
desempenho ruim ou informarem desistência serão desligados do programa.
Quem abandonar o "Mais Médicos" antes de 180 dias do programa sem
justificativa será obrigado a devolver todo o dinheiro recebido como
ajuda de custo, afirma o ministério.
O primeiro ciclo de inscrições acaba no dia 25 de julho, diz a pasta. A
cada 45 dias as inscrições devem ser reiniciadas levando em conta as
vagas remanescentes. Até o fim do ano, pelo menos três ciclos de
inscrição devem ter sido concluídos, pela previsão do ministério.
A previsão do "Mais Médicos" é que haja, além do salário mensal de R$
10 mil, uma ajuda de custo inicial de R$ 10 mil a R$ 30 mil aos
selecionados para cobrir gastos de instalação no novo local de trabalho.
Segundo o governo, a prioridade será preencher as vagas do programa com
profissionais brasileiros. Os postos de trabalho remanescentes serão
completados com profissionais estrangeiros ou brasileiros formados no
exterior.
Só poderão participar do "Mais Médicos" estrangeiros que tenham
estudado em faculdades de medicina com grade curricular equivalente à
brasileira, proficientes na língua portuguesa, que tenham recebido de
seu país de origem a autorização para livre exercício da medicina e que
sejam de nações onde a proporção de médicos para cada grupo de mil
habitantes é de, pelo menos, 1,8 médicos para cada mil habitantes.
Isso exclui países como Bolívia, Paraguai e Peru, que estão abaixo.
Espanha, Portugal, Cuba, Argentina e Uruguai são exemplos de países que
superam esse índice.
Todos os profissionais vindos de outros países serão acompanhados por
uma universidade federal. Os municípios inscritos no programa terão de
oferecer moradia e alimentação aos profissionais, além de ter de acessar
recursos do Ministério da Saúde para construção, reforma e ampliação
das unidades básicas.
Os profissionais de outros países e brasileiros formados médicos em
universidades estrangeiras ficarão isentos de realizar o Exame Nacional
de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida, ao optarem pelo registro
temporário de médicos, que será concedido pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM).
No caso dos estrangeiros, será obrigatório que eles participem de um
curso de três semanas, em uma universidade federal que tenha aderido ao
programa, onde serão avaliadas por professores as capacidades técnica e
de comunicação. Sendo aprovado, eles serão inscritos no Conselho
Regional de Medicina do estado em que vão trabalhar.
Prazos
Segundo o governo, em 26 de julho serão publicadas as vagas existentes
nas cidades brasileiras. Até 28 do mesmo mês, os médicos brasileiros
inscritos no programa poderão escolher os municípios.Em 1º de agosto será divulgada a relação de profissionais brasileiros,
que terão de homologar a participação e assinar um termo de compromisso
até 3 de agosto. Dois dias depois, as escolhas serão validadas no Diário
Oficial da União e os médicos escolhidos começam a atuar em 2 de
setembro.
As vagas remanescentes serão divulgadas em 6 de agosto. O processo de
escolha nesta segunda etapa vai até 8 do mesmo mês e os resultados serão
publicados em 13 de agosto. O início das atividades está previsto para
18 de setembro.