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domingo, 23 de maio de 2021

Produção de sorgo sofre com praga do pulgão na Região Oeste do RN e safra deve ser 40% menor

 Na propriedade de Francisco de França, na zona rural de Apodi, Região Oeste potiguar, a coloração esverdeada do sorgo plantado nos 60 hectares ganhou tons de vermelho, depois que toda a plantação foi atingida pela praga do pulgão. O inseto atinge diretamente as folhas modificando a coloração natural.

Esta é a primeira vez que a praga atinge as plantações de sorgo do produtor. "Eu sempre plantei sorgo, mas nunca vi isso acontecendo", afirmou.

Francisco começou a perceber a praga depois que a chuva parou na região. "Eu plantei esse sorgo em fevereiro, já nas primeiras chuvas. Aí veio um veranico e o pulgão apareceu", disse o agricultor se referindo ao período de estiagem dentro do período chuvoso.

Henrique Moreira também passou pelo mesmo problema. A plantação dele, também na região da Chapada do Apodi foi atingida pela praga do pulgão. A área de 130 hectares foi toda plantada com o sorgo no mês de março.

Com o aparecimento da praga em outras propriedades, o produtor ganhou uma ajuda para combater de forma mais eficaz e tentar salvar as plantas.

"Na minha plantação não apareceu tanto porque eu comecei a plantar em março, então deu tempo usar defensivo agrícola para o pulgão não pegar tudo, mesmo assim muitas plantas estão com o pulgão", afirmou o agricultor.

A maior parte das plantações de sorgo da Chapada do Apodi é voltada para a produção de silagem. O sorgo armazenado é utilizado pelos agricultores para manter os bichos nas propriedades. Mas o principal objetivo é a venda para criadores de rebanhos bovinos, caprinos e ovinos.

Além da região de Apodi, a praga também apareceu em municípios do Seridó, como em Florânia.

"O pulgão é muito comum nas lavouras de cana-de-açúcar, mas também pode atingir outras culturas como o milho e o sorgo, como estamos vendo agora aqui no RN. Um dos principais motivos é a falta de chuva, que contribui com a proliferação da praga", explica o agrônomo Silva Neto, convidado pelos produtores para acompanhar o desenvolvimento do pulgão nas lavouras na Chapada do Apodi.

Segundo o agrônomo, a silagem feita a partir do sorgo atingido pela praga pode servir de alimento para os bichos normalmente. "Os produtores podem ficar tranquilos. A praga não afeta a qualidade nutricional da silagem. O problema é só o rendimento da silagem que deve diminuir", alerta.

Por causa da praga, muitos produtores estão decidindo colher o sorgo antes do tempo ideal. O objetivo é evitar mais prejuízos nas plantações. Mesmo assim, a expectativa é de redução na produção da silagem.

No ano passado, a Chapada do Apodi produziu cerca de 1,3 milhão de quilos de silagem. Em 2021, a redução deve ser de 40%. O quilo normalmente vendido a R$ 0,10 deve dobrar de preço. Além das perdas, outros fatores também devem contribuir para a alta do produto.

"Com menos silagem, o preço deve subir. Esse ano tudo aumentou, principalmente o diesel para os tratores, além de outros insumos para o preparo da silagem. Isso também contribui e muito para o aumento do quilo", afirmou o produtor Raimundo Soares que vende toda produção de silagem para criadores espalhados pela Região Oeste.

Solução alternativa

Segundo a Embrapa, não existem defensivos registrados exclusivamente para combater o pulgão nas lavouras de sorgo. Na Emater de Mossoró, o extensionista Victor Hugo Pedraça ensinou uma receita feita a partir da folha da urtiga para combater a praga do pulgão.

"Talvez para este ano, com as plantas já crescidas, os produtores não consigam ter êxito, mas com essa solução alternativa, eles podem se preparar para as próximas lavouras", apontou.

A receita é simples: 1kg de folhas de urtiga, 20 litros de água e 100 ml de detergente neutro. Basta misturar todos os produtos e deixar descansar por dois dias.

"Após esse período, é só coar e colocar no pulverizador. Essa quantidade é suficiente para pulverizar uma área de 1/3 de hectare. A urtiga libera toxinas capazes de combater o pulgão. É uma medida eficiente onde a gente usa plantas nativas. Uma forma simples e barata que vai ajudar, já que a praga deve continuar por alguns anos aqui no nosso estado", aconselha Victor Hugo Pedraça.

Hugo Andrade, Inter TV Costa Branca / G1RN

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