Deputados
e senadores pretendem iniciar esta semana um movimento para derrubar a proposta
do presidente Jair Bolsonaro de extinguir, a partir de janeiro de 2020, o Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias
Terrestres Brasil (DPVAT).
A
intenção de parlamentares da oposição e do Centrão é rejeitar a MP antes do
recesso ou mesmo de eventual recuo do governo. Na segunda, o senador Paulo Paim
(PT-RS) foi o primeiro a apresentar uma emenda à Medida Provisória 904,
publicada na semana passada. Uma das justificativas apresentadas por Paim para
pedir a manutenção do DPVAT no País é de que a norma foi assinada sem estudos
prévios. Segundo ele, “pairam” sobre o texto “suspeitas de desvio de
finalidade”.
Conforme
revelou O Estado de S. Paulo, a MP encaminhada pelo presidente atinge em
cheio os negócios do presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE). Atual
desafeto do presidente da República, Bivar é o controlador e presidente do
conselho de administração da seguradora Excelsior, uma das credenciadas pelo
governo para a cobertura.
No
Congresso, deputados e senadores vão apresentar novas emendas ao longo desta
semana. A avaliação de alguns é de que a MP representa um movimento direcionado
para atingir Bivar. Diante da repercussão negativa, afirmam, em caráter
reservado, que a intenção é se antecipar a uma possível desistência e
“derrubá-la primeiro, para expor o governo antes mesmo que volte atrás”.
Uma
comissão mista já foi criada anteontem para discutir a MP, mas ainda não se
reuniu. Pela regra, a medida precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado em
até 120 dias, prazo pelo qual fica em vigor. Caso seja rejeitada antes disso,
perde a validade. O Senado criou uma enquete para a população se manifestar.
Até as 17 horas desta segunda, 1.168 pessoas haviam votado a favor da MP e
7.609 se manifestaram contra.
Renúncia
A emenda
apresentada por Paim diz que a MP implicaria renúncia de receitas. Também se
argumenta que a proposta implica não cumprir os requisitos da Lei de
Responsabilidade Fiscal e observa que os veículos mais antigos, que compõem a
maior parte da frota do País, não são garantidos pelas seguradoras.
“Ademais,
o custo de seguros de veículos automotores, notadamente carros de passeio e
motos, é muito elevado em face da renda média do País, e a extinção do DPVAT
somente terá, como efeito, retirar até mesmo a hipótese de uma compensação ao
Estado pelos danos causados pelos acidentes, além de fonte de custeio de parte
da assistência necessária às vítimas”, afirma o texto de Paim. O seguro atende
mais de 300 mil vítimas de acidentes de trânsito no Brasil anualmente.
A receita
estimada do DPVAT é de R$ 4 bilhões anuais, dos quais 50% são destinados à
Seguridade Social e ao Sistema Único de Saúde (SUS) para custeio da assistência
médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.
Outros
10% são destinados ao coordenador do Sistema Nacional de Trânsito para
aplicação exclusiva em programas de educação no trânsito. “Por tudo isso,
propomos a rejeição dos dispositivos relativos à extinção do DPVAT e suas
destinações”, afirma o senador petista.
Agência
Estado
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