Com frases
pausadas e bom vocabulário, Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Jair
Bolsonaro na última quinta-feira (6) em Juiz de Fora (MG), disse que “pretendia
dar pelo menos uma resposta, um susto” ao candidato do PSL à Presidência.
Referindo-se ao
ataque como “incidente” e “imprevisto” e sem citar nenhuma vez o nome de Bolsonaro,
o agressor deu a seguinte explicação: “Eu, como milhões de pessoas, pelos
discursos da pessoa referida [Bolsonaro], me sinto ameaçado literalmente, como
tantos milhões de pessoas. Aquela certeza de que cedo ou tarde ele vai cumprir
aquilo que está prometendo tão veementemente pelo país todo, contra pessoas
como eu exatamente.”
O video em que
Adélio Bispo fala pela primeira vez foi gravado durante a audiência de
custódia, ocorrida na última sexta-feira (7) em Juiz de Fora, e está disponível
nas redes sociais.
Ele admite ter
cometido o atentado por motivos políticos e religiosos. Revela também,
perguntado pelos advogados de defesa, que não tem tomado medicações
psiquiátricas. Ele também afirmou que, desde o momento em que foi preso, sofreu
em Juiz de Fora “humilhações verbais” e agressões de agentes prisionais
supostamente simpatizantes de Bolsonaro.
Adélio foi
indiciado na Lei de Segurança Nacional pela Polícia Federal, por admitir a
motivação política do crime, e foi transferido pela Polícia Federal (PF) para o
presídio federal de Campo Grande, onde encontra-se isolado, por questões de
segurança, dos demais detentos. O inquérito apura se há mais envolvidos no
ataque a Bolsonaro – hipótese negada pelo agressor.
Dores e remédios
No início da
audiência, Bispo alegou dificuldades para falar por sentir dores nos pulmões e
nas costelas, por conta das agressões sofridas desde o momento de sua prisão,
ao ser imobilizado por policiais e agredido por supostos militantes do PSL.
O agressor foi
preso no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), onde, segundo
ele, dividiu com outros seis presos uma cela projetada para duas pessoas.
Perguntado sobre
medicações controladas receitadas por psiquiatras, ele disse já ter tomado
remédios bastante fortes, mas que, como não tem ido ao médico, não tem usado
nenhum nos últimos dias.
“Já tomei
diferentes tipos de remédios controlados. Tem um, que não me recordo o nome,
que é extremamente forte e derruba em menos de 15 minutos. Também fiz uso do
Pamelor 50 [antidepressivo], que é mais brando. Fiz uso de um terceiro que não
me lembro mais, mas não estou fazendo uso regular neste momento. Faz um bom
tempo que não visito o médico”, disse o autor do atentado.
Agência Brasil