Um casal de policiais militares do Rio Grande
do Norte foi denunciado à Justiça e virou réu pelo assassinato do
motociclista Paulo
Henrique Araújo da Silva, de 33 anos, na tarde do dia 29 de
abril de 2022, em Natal.
Segundo
o Ministério Público, o inquérito da Polícia Civil apurou que o crime teria sido motivado por uma briga de trânsito.
A
arma que teria sido usada no crime pertence à Polícia Militar do Rio Grande do
Norte.
A
Justiça acatou a denúncia por homicídio qualificado e os dois militares viraram
réus em dezembro de 2022.
Segundo
a denúncia, os militares trabalham no 16º Batalhão da PM em São
Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. A mulher também é filha de um coronel
da ativa na corporação.
A
Polícia Civil chegou a pedir a prisão preventiva dos suspeitos, mas o MP
considerou que não seria necessário, uma vez que os militares não teriam
obstruído a investigação. A juíza responsável pelo caso seguiu o parecer do
promotor.
Segundo
a denúncia, Paulo Henrique Araújo da Silva trafegava de moto com sua namorada,
da Zona Norte da cidade para o shopping Midway Mall, na Zona Leste, quando
recebeu a "trancada" de um carro na Ponte de Igapó.
Ainda
de acordo com o relato, o carro modelo Fox era dirigido pelo policial militar,
que estava acompanhado de sua esposa, também policial. O veículo está no nome
da mulher.
As
investigações apontaram que, após ser trancado, o motociclista passou ao lado
do veículo, fez a manobra de "corta giro", na qual o condutor acelera
a moto de forma exacerbada, e fez menção de que chutaria a porta.
Após
ultrapassar o carro, o homem teria seguido pela avenida Felizardo Moura e
entrado no bairro Nordeste, na Zona Oeste da cidade, para tentar despistar os
ocupantes do carro. Mas ao frear para passar por uma lombada, a moto foi
atingida por trás, pelo veículo. Paulo Henrique e a namorada caíram no chão.
O
relato dos investigadores ainda aponta que Paulo Henrique
se levantou, tirou o capacete e foi em direção ao policial militar, que atirou
contra ele. O militar ainda teria contado com o apoio da companheira,
que "já empunhava sua arma e abrigava-se por trás da
porta do carro, em posição de combate".
"A
vítima foi atingida na face e faleceu no local, tendo o projétil penetrado na
região do dorso do nariz", diz a denúncia.
"As
circunstâncias do fato apontam que os acusados agiram
movidos pela futilidade, motivados por mera discussão de trânsito. Além
disso, também restou suficientemente demonstrado que a
vítima estava em situação na qual teve suas chances de defesa obstadas",
diz o promotor responsável pela denúncia protocolada no dia 1º de dezembro. Ela
foi aceita pela Justiça no dia seguinte.
Ao
fim do processo, o casal deverá ser julgado pelo Tribunal do Júri.
Memorial
Durante
o ano de 2022, familiares de Paulo Henrique fizeram vários protestos cobrando
investigação do caso e chegaram a criar um memorial na
internet sobre a vítima.
Segundo
amigos e familiares, Paulo Henrique tinha quatro filhos e trabalhava como
personal, além de ser segurança e vigilante profissional.
Policiais
estão afastados
A
defesa dos réus não foi localizada até a última atualização desta matéria. Em
nota, o Comando Geral da Polícia Militar afirmou que determinou o afastamento
dos policiais e abertura de um procedimento interno para apuração dos fatos.
"A
PMRN ressalta que não compactua com qualquer desvio de conduta de seus membros
e colabora com as investigações em curso sobre o caso", informou a
corporação.
g1 RN