O preço do
petróleo passou por forte volatilidade na semana passada, com a invasão da
Rússia à Ucrânia. Na quarta-feira, 23, o preço do barril do óleo tipo Brent
chegou a ultrapassar os US$ 105, mas depois acabou recuando. Na sexta-feira,
25, fechou em US$ 94,12, diante das perspectivas de que as sanções de aliados
ocidentais à Rússia fossem poupar o setor de energia do país. Mas tudo isso
ainda é muito incerto.
Essa
volatilidade deve afetar o preço dos combustíveis no País. Mas a Petrobras diz
que isso não deve abalar a determinação de manter seus preços atrelados aos do
mercado internacional. O argumento é de que, se não acompanhar as cotações do
petróleo e dos derivados, o mercado brasileiro de combustíveis e o
abastecimento interno poderão ser afetados, como afirmou o diretor de
Comercialização e Logística da estatal, Cláudio Mastella, em teleconferência
com analistas para detalhar o lucro recorde de 2021.
A Petrobras
utiliza o Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir os reajustes dos
valores da gasolina e óleo diesel em suas refinarias. Por essa política, os
preços internos deveriam subir em linha com a valorização das cotações do
petróleo e dos seus derivados nos principais mercados mundiais de negociação,
como o do Golfo do México, nos EUA, e o de Londres.
Além da
commodity, também pesam no cálculo da estatal o câmbio e custos de importação.
Isso porque os principais concorrentes da empresa, atualmente, são os
importadores e o objetivo da Petrobras é manter seus preços próximos aos deles.
Já há algum
tempo, na verdade, a cotação vem subindo, por conta das tensões geopolíticas
provocadas pela ameaça de invasão russa Mesmo assim, os preços no Brasil
permanecem inalterados desde o dia 12 de janeiro. A posição da empresa é complexa,
já que a manutenção do PPI e os efeitos sobre os preços internos repercutem mal
entre os consumidores e afetam diretamente a ambição do presidente da
República, Jair Bolsonaro, de vencer as eleições deste ano.
“Temos
observado a elevação dos preços nas últimas semanas e, em paralelo, o dólar foi
desvalorizando. Com esses dois movimentos, em contraposição, a gente pôde
manter nossos preços (inalterados)”, afirmou Mastella, acrescentando que, na
quinta-feira, 24, em particular, a volatilidade foi maior e a empresa estava
“observando” o mercado para avaliar possíveis reajustes.
A visão do
executivo é de que, mesmo com as turbulências internacionais, a Petrobras é
competitiva e se mantém alinhada ao mercado externo, ao mesmo tempo em que
evita repassar aos consumidores as volatilidades conjunturais das cotações.
Um dos
motivos para a estatal manter o PPI é o interesse em atrair investidores para
as refinarias à venda. O receio é que, se atender à reivindicação de Bolsonaro
de congelar os preços dos combustíveis para aliviar a inflação, vai afugentar
empresas que teriam interesse no negócio, mas não querem participar de uma
atividade comandada pelo governo.
Fonte: O
Tempo