Em um intervalo de apenas dois dias, duas pesquisas independentes,
uma no Rio e outra nos Estados Unidos, chegaram a conclusões muito
parecidas sobre como o vírus da zika é capaz de agir no cérebro,
infectando e matando células neuronais, o que reforça a suspeita de que
está por trás do aumento no número de casos de microcefalia no Brasil.
Na
quarta-feira, um grupo carioca liderado pelo neurocientista Stevens
Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto
D´Or, publicou um trabalho, em sistema de preprint (antes de avaliação
por pares), que mostra que o zika infecta as células que agem como
progenitoras cerebrais, ou seja, que dão origem ao órgão, o que acaba
tendo efeito no seu desenvolvimento.
Trabalhando com
células-tronco de pluripotência induzida cultivadas in vitro, assim como
a equipe do Rio, e depois colocadas em contato com o vírus, eles viram
que a infecção ocorria em três dias. Na sequência, as células acabavam
sendo usadas para replicação viral. Elas ficavam mais propensas a morrer
e menos propensas a se dividir normalmente e criar novas células
cerebrais.
Ming disse que leu o trabalho de Rehen com grande
interesse e ficou feliz de as conclusões convergirem. "Fica claro que a
infecção por zika causa impacto no crescimento e na sobrevivência das
células-tronco. Os dois estudos também validam que as células-tronco
cultivadas em laboratório são um bom modelo experimental para avançar o
conhecimento sobre a microcefalia."
Rehen também reforçou que a
existência dos dois trabalhos consolida os dados. "Mas para entender a
microcefalia precisamos de mais estudos. Alterações no ciclo celular
também podem estar envolvidas. Não é só a morte celular que conta." Com
informações do Estadão Conteúdo.
Fonte:noticiasaominuto