A vacina contra a dengue do Instituto Butantã, que teve a última fase
para testes em humanos liberada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), como revelado nesta sexta-feira, 11, pelo jornal O
Estado de S.Paulo, será testada em 13 cidades, incluindo Recife, Manaus,
Belo Horizonte e Porto Alegre. São Paulo será o primeiro município a
ter as doses. Segundo o instituto, 17 mil voluntários, em todo o País,
participarão do processo e a estimativa é de que a vacina esteja até
2017 na rede pública. A dose será única e capaz de proteger contra os
quatro tipos de dengue.
O primeiro passo agora será o
recrutamento dos participantes, que serão acompanhados em 14 centros de
pesquisa. Os trabalhos nas unidades não começarão ao mesmo tempo, e os
voluntários serão monitorados durante cinco anos. Na capital, os estudos
vão ser realizados na Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP) e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
"Pelos
dados que temos da fase 2, o nível de anticorpos está elevado, o que nos
faz pensar que (a eficácia) é muito grande. O tempo (de duração do
teste) vai depender de quanto vamos demorar para recrutar, mas muita
gente quer participar", explicou Jorge Kalil, diretor do Instituto
Butantã.
Segundo ele, cartazes com explicações sobre o teste
serão colocados nos centros de pesquisa. Pontos avermelhados no corpo e
dor de cabeça estão entre os sintomas que podem aparecer em pacientes.
Embora a vacina seja produzida com o vírus da dengue enfraquecido, os
voluntários não correm o risco de ter a doença.
Por faixa etáriaO
Instituto Butantã dividiu os testes em três faixas etárias: 2 a 6 anos,
7 a 17 anos e 18 a 59 anos. "Os testes serão feitos da maior para a
menor faixa (ou seja, dos idosos para as crianças), o que contribui para
a segurança do experimento. Dois terços dos participantes vão receber a
vacina e um terço receberá placebo (concentrado que não contém
medicamento)", disse o secretário de Estado da Saúde, David Uip.
O
investimento para essa etapa da pesquisa deve superar os R$ 200
milhões, de acordo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve
nesta sexta no lançamento da nova etapa. "A fase 3 pode chegar a R$ 270
milhões, porque deve ter um acompanhamento muito rigoroso, envolve um
grande número de médicos e as pessoas precisam ter uma análise clínica
antes, durante e depois."
ProduçãoSegundo
David Uip, uma reunião será realizada na próxima segunda-feira com
empresas nacionais e multinacionais para abordar a produção em larga
escala da vacina. "Estamos diante de uma vacina estratégica para o País e
para o mundo. Se isso se comprovar, a nossa escala de produção tem de
ser em nível e perfil mundial."
Sem dar detalhes, ele afirmou que
também há planos para a produção de uma vacina contra o zika. "O
instituto já está se preparando para elaborar um protocolo em busca de
uma vacina tanto para chikungunya como também para zika vírus."
Apresentado em abril na Anvisa, o pedido foi analisado "em
regime
de prioridade", segundo o órgão federal, por se tratar de um tema de
relevância para a saúde pública. A solicitação foi feita antes mesmo da
conclusão da fase 2 dos estudos, que só aconteceu em junho deste ano.
Fonte: Estadão Conteúdo