O surto da dengue voltou a assombrar os brasileiros neste verão. A
doença é endêmica no país, com ocorrências regulares durante a estação
de calor e chuvas e com maior incidência entre o início de janeiro e fim
em maio. Ainda falta um mês para que o número de casos comece a
decrescer. Enquanto isso, os prontos-socorros estão lotados de pessoas
com os sintomas da doença – febre alta, dor de cabeça e na região dos
olhos e manchas na pele. Segundo boletim epidemiológico divulgado pelo
Ministério da Saúde na semana passada, foram 745.957 infectados e 229
mortes – número 243% maior em relação ao mesmo período do ano passado.
No estado de São Paulo, que concentra metade dos casos nacionais, já se
configura a pior epidemia da história. Diz o infectologista Artur
Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos: “Nada do que está acontecendo
é surpreendente e a situação deve piorar. A dengue, na verdade, é a
expressão completa do resultado de uma organização urbana caótica”.
Historicamente, a disseminação da dengue sempre esteve associada à
rápida urbanização. Hoje, 90% dos casos da doença ocorrem em cidades com
mais de 100.000 habitantes. “É uma epidemia urbana. É preciso repensar o
planejamento das cidades ou aprender a conviver com o mosquito”, diz
Timerman. O asfalto, as grandes construções e a falta de parques
facilitam o acúmulo de água e, consequentemente, a proliferação do Aedes
aegypti. É por isso que, ao longo dos anos, o número de casos da doença
se expandiu. Há 25 anos, o Ministério da Saúde passou a computar os
dados de infectados pela dengue. No mapa abaixo, é possível acompanhar
como se deu o avanço do vírus ao longo dos anos, com números de doentes e
de óbitos, por Estado. No primeiro levantamento, em 1990, eram 40.279
casos no total. Duas décadas depois, em 2010, foi superada, pela
primeira vez, a marca de um milhão de casos.
Fonte: Veja