Nesta quarta-feira,22, o sacerdote publicou uma carta em seu
site oficial onde
afirma que este é um momento “sofrido”.
Para acabar de vez com as
acusações e críticas impiedosas, Padre Fábio, pede desculpas.
“
Eu assumo que errei ao usar a expressão.
Eu
não estava numa sala de aula, lugar onde a Ortodoxia convive bem com a dialética. Não
considerei que muitos telespectadores poderiam não entender o contexto da
comparação. E por isso peço desculpas. E junto às desculpas, faço minha
retratação.Nunca tive problema em assumir meus equívocos”, disse o padre.
O sacerdote finalizou
agradecendo pelas orações dos fieis
que o acompanham neste tempo e dispensando sua bênção.
Leia carta na íntegra
Queridos amigos,
Em virtude da polêmica
que envolveu minha fidelidade à Ortodoxia
Católica, venho esclarecer alguns pontos.
Padre afirmou seu amor e fidelidade à Ortodoxia da Igreja
Em nenhum momento da minha vida atentei contra a sacralidade da
Igreja Católica Apostólica Romana. Sou Mestre em Teologia Dogmática e
zelo muito para que minha pregação esteja de acordo com os ensinamentos da
Igreja. Este é o credo que professo: “Creio na Santa Igreja Católica Una,
Santa, Católica e Apostólica.” Nunca inventei uma crença particular, ou um modo
diferente de compreender esta profissão de fé.
A expressão que usei no programa de “De frente com Gabi”, “Jesus queria o
Reino de Deus, mas nós demos a Ele a Igreja”
é uma expressão muito
usada nos bastidores acadêmicos que frequentei em minha vida, e está
distante da proposta herética que ela já representou em outros tempos. O
significado evoluiu.
Nossa Fundação é Santa, pois fomos instituídos pelo Cristo. “A Igreja é um
corpo, em que nós somos os membros e Jesus Cristo é a cabeça (Col 1,18; I Cor
12,27). Na cabeça o Reino já está estabelecido. Em Cristo, o Reino já está
plenamente manifestado.
Mas os membros do corpo ainda estão no contexto
da busca, pois continuamos arrastando as consequências adâmicas do nosso pecado.
E por isto, mesmo que em Cristo o Reino já esteja plenamente manifestado, em
nós, Igreja, povo de Deus, ele continua sendo a meta que nunca deixamos de
buscar.
O Concílio Vaticano II, através de sua Constituição Dogmática
Lumen
Gentium, enfatizou que a Igreja é povo de Deus. O povo é errante, pois
apesar de estar mergulhado nas graças do batismo, ainda sofre as consequências
da fragilidade que o pecado lhe deixou.
O mesmo Concílio declarou “O
Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo
poder de Deus…” (LG 3).
Presente em mistério. Isto é, cabe a nós, membros deste corpo, apressar a sua
chegada. A Igreja é triunfante, mas também
é peregrina, penitente, pois
que carrega em sua carne a fragilidade de seus membros.
Sim, a Igreja é santa, mas comporta em seu seio os pecadores que somos nós.
E por isso dizemos, também com o perigo da imprecisão teológica: “A Igreja é
Santa e pecadora”. Bento XVI sugeriu modificar a expressão.
“A Igreja é
Santa, mas há pecado na Igreja”. Notem que ele salvaguarda a santidade na
essência.
Mas o pecado existe na Igreja. Por isto rezamos nas liturgias diárias pelo
Santo Padre, pelos bispos, pelo clero, pelo povo de Deus.
Clamamos por
purificação, luzes em nossas decisões, pois sabemos que é missão do Espírito
encaminhar na terra a Igreja que ainda não é Reino de Deus (porque maculada
pelos nossos pecados), e que ao Cristo damos diariamente. Mas nós
caminhamos na esperança. Sabemos que um dia todas as partes do corpo estarão
agindo em perfeita harmonia com a cabeça. Seremos a “Jerusalém Celeste”.
Padre diz está vivendo momento sofrido.
Eu assumo que errei ao usar a expressão.
Eu não
estava numa sala de aula, lugar onde a Ortodoxia convive bem com a dialética.
Não considerei que muitos telespectadores poderiam não entender o contexto da
comparação. E por isso peço desculpas. E junto às desculpas, faço minha
retratação. Nunca tive problema em assumir meus equívocos. Usei uma expressão
que carece ser contextualizada com outras explicações, para que não pareça
irresponsável, nem tampouco herética.
Repito.
Eu não nego nem neguei a definição dogmática
expressa na
Lumem Gentium, Número 5.
“O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu
início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido
desde há séculos nas Escrituras:
«cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está
próximo» (Mc. 1,15; cfr. Mt. 4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas
obras e na presença de Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada
ao campo (Mc. 4,14): aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do
pequeno rebanho de Cristo (Luc. 12,32), já receberam o Reino; depois, por força
própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cfr. Mc. 4, 26-29).
Também
os milagres de Jesus comprovam que já chegou à terra o Reino: «Se lanço fora os
demónios com o poder de Deus, é que chegou a vós o Reino de Deus» (Luc. 11,20;
cfr. Mt. 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria
pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a
sua vida em redenção por muitos» (Mt. 10,45).”
E quando Jesus, tendo sofrido pelos homens a morte da cruz, ressuscitou,
apareceu como Senhor e Cristo e sacerdote eterno (cfr. Act. 2,36; Hebr. 5,6; 7,
17-21) e derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai (cfr. Act.
2,33). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando
fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a
missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e
constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra.
Enquanto
vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao
seu Rei na glória.”
Agradeço pela prece dos que me acompanharam neste momento tão sofrido.
Com minha benção,
“Padre Fábio de Melo”.
Em seu perfil no Twitter, o padre escreveu referindo-se ao que
chegaram
a pedir sua ex-comunhão.
O POVO
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