Nesta terça-feira foi lançada a primeira vacina contra meningite do
tipo B no Brasil. Embora já existam no país vacinas contra os tipos A,
C, W e Y da doença, essa é a primeira amplamente eficaz contra as cepas
do tipo B. A meningite B é causada por uma bactéria (Neisseria
meningitidis) e atinge principalmente bebês e adolescentes.
De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 53% dos casos de
doença meningocócica diagnosticados em crianças com menos de cinco anos
em 2014 foram causados pelo sorogrupo B.
Para Renato Kfouri, pediatra e vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações (Sbim), a vacina chega ao mercado brasileiro
como mais uma arma, e principal forma de prevenção, contra a doença
meningocócica. “Essa é uma doença de evolução rápida e alta letalidade.
No Brasil, a cada dez pacientes tratados, dois morrem da doença e cerca
de 20% dos sobreviventes enfrentam sérias sequelas, como problemas
neurológicos e amputações”, explica Kfouri.
A dificuldade do diagnóstico também é um problema para o tratamento e
influenciam a alta letalidade da doença. “Os sintomas iniciais – dor de
cabeça, febre alta, vômito, rigidez na nuca e prostração – podem ser
facilmente confundidos com outras enfermidades o que dificulta o
diagnóstico e, consequentemente, atrasa o início tratamento, diminuindo
as chances de sobrevivência e, em casos de sucesso, aumentando os riscos
de sequelas” explica Kfouri.
O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento, realizado
com antibióticos, são fundamentais para controlar sua evolução.
Esquema vacinal - O esquema vacinal funciona da
seguinte forma: para bebês de dois a cinco meses de idade, são
necessárias três doses, com um intervalo de dois meses entre elas, além
de uma dose de reforço aplica entre 12 e 23 meses de idade.
Para crianças entre 6 e 11 meses, o indicado são duas doses, também
com dois meses de intervalo entre elas e um reforço no segundo ano de
vida. Já para indivíduos entre 1 e 50 anos, são indicadas duas doses,
com dois meses de intervalo, sem necessidade de reforço.
A GSK, fabricante da vacina, afirma que ela pode ser coadministrada
com outras imunizações de rotina, no entanto, isso pode provocar maior
incidência de eventos adversos como dor no local, rubor e febre. Além do
Brasil, a Bexsero (nome comercial do produto) já é oferecida pela
companhia em 37 países, incluindo Estados Unidos e membros da União
Europeia.
Segundo Rômulo Colindres, diretor médico da GSK, a vacina estará
disponível em clínicas privadas de todo o país até o dia 15 de maio.
Quanto ao valor, cada dose será oferecida às clínicas por 340 reais, mas
o preço ao consumidor final pode variar de acordo com a localização do
centro médico.
Incidência no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2014 foram notificados 1500
casos de meningite no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
De acordo com Marco Aurélio Safadi, infectologista do Hospital São
Luiz Morumbi, o meningococos C é o principal responsável pelos da doença
no país. No entanto, desde a inclusão da imunização contra meningite C
na rede pública de saúde em 2010, a meningite B tem se tornado,
proporcionalmente, a principal causa da doença.
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza quatro
vacinas para prevenção da meningite: a BCG, a pentavalente, a
meningocócica C e a pneumocócica. De acordo com o Ministério da Saúde,
ainda não existe um pedido de incorporação da nova vacina ao sistema
público.
De acordo com Renato Kfouri, pediatra e vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações (Sbim), em breve a vacina deve entrar no
calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da
Sbim.
Fonte: Veja