O
papa Francisco
nomeou neste sábado o espanhol José Rodríguez Carballo, de 59 anos,
líder da principal ordem franciscana, como número dois do departamento
responsável pela supervisão de todas as ordens religiosas, anunciou a
Santa Sé. Esta é sua primeira designação na burocracia vaticana, afetada
por diversos escândalos nos últimos anos.
Carballo será o número dois da Congregação para os Institutos de Vida
Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica - o departamento é
dirigido pelo cardeal brasileiro João Braz de Aviz e integra a Cúria
Romana, o governo da Igreja Católica que os analistas consideram que
precisa de uma reforma.
Atualmente, Carballo é ministro geral da Ordem Franciscana dos Frades
Menores (OFM) - titular considerado como o sucessor do fundador São
Francisco de Assis. O frade procede de uma família de agricultores
espanhóis pobres que emigraram para a Alemanha.
Vaticanistas esperam novas nomeações importantes para altos cargos da
Cúria nos próximos dias, que poderiam proporcionar uma visão das
intenções do novo papa para a Igreja.
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Missa - Também neste sábado, o papa Francisco convidou
os fiéis, durante missa na capela da Casa Santa Marta do Vaticano, a
darem o testemunho "com coragem" da fé católica em sua integridade,
porque com ela "não se negocia".
Segundo a Rádio Vaticano, o pontífice presidiu a missa na presença de
uma família argentina e de algumas religiosas da ordem das Filhas de São
Camilo e das Filhas de Nossa Senhora da Caridade.
Durante sua breve homilia, o papa argentino lembrou as passagens
bíblicas nas quais os apóstolos Pedro e João dão testemunho de sua fé
perante os chefes judaicos apesar das ameaças, e Jesus ressuscitado
recrimina a incredulidade de alguns dos seus que não acreditam quando os
dois apóstolos dizem tê-lo visto vivo.
"Pedro não calou sua fé, não se rebaixou aos compromissos. Na história
do povo de Deus, houve essa tentação às vezes, a de cortar um pedaço à
fé, a tentação de ser um pouco como fazem os demais, a de não ser tão
rígido", disse o papa. "Mas quando começamos a cortar a fé, a negociar a
fé, a vendê-la ao melhor licitante, começamos o caminho da não
fidelidade ao Senhor", acrescentou.
Além desta missa na Casa de Santa Marta, Francisco recebeu hoje em
audiência no Vaticano ao prefeito regional da Congregação para os
Bispos, o cardeal canadense Marc Ouellet, e o prefeito regional da
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o
espanhol Antonio Cañizares Llovera.
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Posse - Francisco tomará posse neste domingo na
Cátedra de Bispo de Roma, na Basílica de São João de Latrão, a catedral
da capital italiana, segundo o Vaticano. O ato será realizado quando
ainda não foi completado um mês de sua escolha como pontífice, no dia 13
de março.
A posse do argentino Jorge Mario Bergoglio da diocese de Roma, da qual é
titular na qualidade de pontífice, se produzirá mediante uma cerimônia
na Basílica prevista para começar às 17h30 locais (12h30 no horário de
Brasília). Participarão também o cardeal vigário de Roma, Agostino
Vallini, e o vigário emérito Camillo Ruini.
Durante séculos, a posse da diocese romana era precedida pela chamada
"cavalgada papal", na qual o recém-eleito pontífice atravessava em
procissão o centro de Roma até a Basílica de São João de Latrão sob um
cavalo branco. A tradição foi conservada até o século XVIII, e depois se
utilizaram meios mais cômodos para o pontífice, como os carros de
cavalos ou, a partir de Pio XII no século XX, os automóveis.
Além da cerimônia de posse do novo bispo de Roma, que sucede Bento XVI
após a renúncia ao pontificado em 28 de fevereiro, está previsto que
amanhã seja descoberta uma placa em honra a João Paulo II na praça de
São João de Latrão, na parte anterior ao Palácio do Vicariato.
(Com agência France-Presse)