Fiéis da
Igreja Católica e frequentadores do Santuário Basílica de Trindade, na
Região Metropolitana da capital, manifestaram surpresa e decepção nas redes
sociais do padre Robson de Oliveira, após o Ministério Público do Estado de
Goiás (MP-GO) deflagrar uma operação
para apurar desvios de doações na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).
Padre Robson é fundador e presidente da Afipe e reitor da Basílica.
Em sua
última publicação em um perfil na web, há dois dias, seguidores do padre
deixaram mensagens nesta sexta-feira (21), dia em que a operação foi
deflagrada, questionando a veracidade das denúncias e relatando tristeza em
relação ao caso. Popular nas redes sociais, padre Robson tem, atualmente, 761
mil seguidores.
Após o
surgimento das críticas e questionamentos, padre Robson limitou os comentários
em suas publicações. Desde o início deste sábado (22), não é possível deixar
mensagens em sua conta em uma rede social.
Durante
coletiva de imprensa na sexta-feira, os advogados de defesa do padre disseram
que o religioso está "chateado com acusações, mas tranquilo". Ainda
de acordo com a defesa, a Afipe e o padre estão à disposição do Ministério
Público e colaborando com as investigações. Ainda na sexta, o
padre Robson de Oliveira pediu afastamento de suas funções do Santuário
Basílica do Divino Pai Eterno e da Afipe.
Críticas nas redes sociais
Em um dos
comentários, uma mulher disse: “Decepção resume meu sentimento”. “Estou muito
decepcionada com tudo isso acontecendo, estou sem chão, não quero acreditar
nisso”, disse outra seguidora.
Outra
seguidora disse se tratar de algo “vergonhoso”. “Deixando de seguir,
vergonhosas as denúncias. Estou chocada, decepcionada”, afirmou.
Entre a
maioria dos comentários, choque e surpresa. “Estou em choque. Nunca poderia
imaginar uma coisa dessas tão estarrecedora. Nesse momento, em que estamos
precisando de Deus e de muita fé, o nome da Igreja Católica é jogado na terra”,
disse uma seguidora.
“Rezando
para que tudo seja mentira, mas, se for verdade, como pôde abusar da boa fé dos
fiéis?”, questionou outra pessoa nos comentários.
Apoio
Apesar das
críticas, há, também, algumas mensagens de apoio ao padre. “Conte com nossas
orações. Nada é oculto aos olhos de Deus, tudo ficará bem”, disse uma pessoa.
Uma
seguidora chegou a mencionar que o padre está sendo vítima de uma “armadilha”.
“O Divino Pai Eterno te abençoe e ilumine hoje e sempre, e livre o senhor dessa
perseguição, dessa armadilha que fizeram para te derrubar”.
Operação 'Vendilhões'
A
operação realizada nesta sexta-feira apura irregularidades na Afipe,
entidade responsável pelo Santuário Basílica de Trindade. São investigados os
seguintes crimes:
- Apropriação indébita
- Lavagem de dinheiro
- Falsificação de documentos
- Sonegação fiscal
- Associação criminosa
A juíza
Placidina Pires, que expediu os mandados de busca e apreensão, também
determinou o bloqueio de R$ 60 milhões de bens da associação. O
MP-GO chegou a pedir a prisão de padre Robson, mas a magistrada negou.
De acordo
com a denúncia, a rede de desvio de dinheiro da Afipe também envolve empresas
de comunicação, postos de combustíveis e até o vice-prefeito de Trindade
Gleysson Cabriny de Almeida (PSDB), conforme a denúncia do Ministério Público.
Por
mensagem, o político disse ao G1
que não teve acesso ao processo e só deve se pronunciar após ter conhecimento
dos autos.
Doações de fiéis
Segundo a
denúncia do Ministério Público, Robson criou "várias associações com nome
de fantasia Afipe ou similar, com a mesma finalidade, endereço e nome”.
Conforme apurado pelo MP, as filiadas da Afipe também são voltadas para a
“evangelização por meio da TV, para obras sociais e para a construção da Nova e
Definitiva Casa do Pai Eterno, em Trindade” e que, para esse fim, recebem
doações de fiéis de todo o Brasil.
Entre anos
de 2016 e 2018, os donativos atingiram um montante de mais de R$ 746 milhões,
de acordo com o órgão, que investiga se parte do valor, aproximadamente R$ 120
milhões, foram desviados para empresas e pessoas investigadas no processo.
Segundo o
secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, o volume de dinheiro
movimentado “pressupõe ilegalidade”. Em uma década, os investigadores calculam
uma movimentação de quase R$ 2 bilhões nas contas bancárias.
“O volume de
dinheiro pressupõe alguma ilegalidade ou irregularidade. Mesmo se o Brasil todo
resolvesse ser bondoso e caridoso com a construção dessa nova basílica e,
fizesse doações, dificilmente chegaríamos a esses bilhões que estão sendo
investigados”, ponderou Miranda.
G1 GO
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