Uma
pesquisa
conduzida a pedido da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC), divulgada na última quinta-feira (6), percebeu melhoria no total
de famílias endividadas no país, com diminuição para 76,1% em janeiro. O
resultado representa uma queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e
de 2 pontos percentuais no comparativo com o mesmo período em 2024.

Uma
das brasileiras que conseguiu sair da situação de endividamento foi a
professora Danieli Silveira. Para isso, ela diminuiu bastante os gastos, evitou
parcelas e buscou fazer compras somente à vista. "É assim que estou me
policiando e conscientizando que o consumo saudável é a melhor saída",
explica a docente. Ela se percebe, hoje, como alguém que tem suas dívidas
controladas, e é certeira ao afirmar: "Não quero passar por isso
novamente".
O
que ocasionou a situação do tipo "bola de neve" foi o desemprego da
professora. “O primeiro vilão foi o cheque especial. Como não tive renda, ele
estruturou o pagamento das contas. Quando voltei a ter renda, o rombo negativo
nunca dava pra cobrir. Então vieram os cartões de crédito para poder suprir o
consumo das necessidades básicas. Um cartão pra pagar outro", contou à Agência Brasil.
O
cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada
pelos consumidores, atingindo 83,9% do total de devedores, valor 3% menor do
que o auferido no começo de janeiro. O técnico em logística Cesar (nome
fictício) é parte destes endividados, e um dos que não conseguirá pagar suas
dívidas. A família teve as contas comprometidas após o afastamento de sua
companheira do trabalho para tratamento de um câncer desde o final de 2023. Ela
parou de trabalhar como enfermeira no turno da noite, quando recebia um
adicional
Eles
já tinham financiamento imobiliário e empréstimos, mas começaram a acumular
dívidas no cartão de crédito, que foram aumentando. Cesar recorreu ao Procon
paulista para negociar os juros, e deve conseguir condições melhores de
pagamento já nas próximas semanas. "Vou ser sincero, estou mais preocupado
com a saúde mental da minha esposa e da família em geral", conta o
técnico, que espera reorganizar as finanças após a renegociação.
Pesquisa
A
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também apurou
se as pessoas conseguirão pagar suas dívidas. Em janeiro deste ano 29,1% das
famílias têm dívidas em atraso e 12,7% não conseguirão pagá-las. Em dezembro
eram 29,3% e 13%, respectivamente, e em janeiro de 2024 eram 28,3% e 12%. Foi o
primeiro recuo na inadimplência desde julho de 2024.
As
dívidas comprometem, em média, 30% da renda das famílias ouvidas. Segundo o
estudo este dado é subjetivo, o que indica que as pessoas podem estar menos
propensas a realizar gastos, com perspectivas mais conservadoras para o
consumo.
As
famílias mais vulneráveis, que são aquelas que recebem até 3 salários mínimos,
representaram o único grupo pesquisado que teve aumento em suas dívidas, cujo
percentual de endividamento aumentou, na comparação com janeiro de 2024 (79,2%)
e 18,4% não terão como quitar suas dívidas. O estudo também percebeu que um
quinto de todas as famílias com dívidas tem mais da metade de sua renda
comprometida.
Mesmo
com o resultado positivo dos índices de endividamento e inadimplência a CNC
estima que o endividamento das famílias voltará a crescer durante este
ano. Segundo o estudo os percentuais devem começar a subir a partir de março,
fechando o ano com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8%
inadimplentes.
Agência Brasil